A startup gaúcha de tecnologia para saúde NoHarm foi selecionada pelo programa de aceleração da Fundação Bill & Melinda Gates.
Recebeu aporte de US$ 100 mil pelo projeto NoHarm Summary Discharge, um sistema que ajuda médicos a escrever melhores relatórios de alta de pacientes hospitalizados.
Conforme a empresa, a iniciativa contribui para resolver um dos principais desafios da alta hospitalar, que é a manutenção do cuidado continuado. O objetivo do relatório de alta é dar informações essenciais desde a saída do paciente do hospital até os próximos prestadores de cuidado.
— O objetivo é melhorar a transição do cuidado do paciente e, principalmente, mais eficiência do sistema de saúde. Quando o paciente sai do hospital com um documento fraco, terá atendimento fraco na próxima necessidade, vai repetir exames, diagnósticos, investigação e pode até receber medicação errada, e é tudo que a gente ajuda a evitar — afirma Henrique Dias, cofundador da NoHarm.
O projeto da startup gaúcha foi um dos 51 escolhidos pela entidade entre cerca de mil inscritos no mundo todo. A instituição do fundador da Microsoft, Bill Gates, e de sua ex-esposa, Melinda, selecionou propostas de impacto social para questões globais de saúde que utilizam tecnologia de Large Language Models (LLM), como o ChatGPT.
Fundada em 2020, a NoHarm usa inteligência artificial para auxiliar os farmacêuticos nas tomadas de decisões em hospitais. Desenvolve algoritmos para automação da triagem farmacêutica, um dos quais prioriza as prescrições fora do padrão, enquanto outros atuam na identificação de pacientes críticos. O sistema se vincula aos dados dos hospitais, e indica potenciais erros de prescrição, aumentando a qualidade assistencial e a eficiência hospitalar.
Desenvolvida com Ana Helena Ulbrich, ex-farmacêutica do Grupo Hospitalar Conceição, a inteligência artificial da NoHarm é capaz de ler 1,5 mil medicamentos e analisar 500 mil prescrições em segundos. A startup não tem fins lucrativos, recebe doações e cobra apenas de leitos privados, oferecendo o serviço ao SUS de forma gratuita. De acordo com os gestores, em três anos, atende cerca de 80 unidades de saúde, e já teve mais de 20 milhões de prescrições médicas avaliadas, gerou pelo menos R$ 15 milhões em economia e impactou 700 mil vidas.