Presidente empossado em agosto no Paraguai, Santiago Peña deu um ultimato aos potenciais parceiros da União Europeia: ou o acordo é fechado até 6 de dezembro, ou os países do Mercosul vão avançar em acertos com "asiáticos".
A ameaça foi feita em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times publicada nesta segunda-feira (25), quando os dois blocos ainda negociam pontos de um tratado de livre-comércio.
— Ou fechamos até 6 de dezembro, ou não fechamos. Vou assumir a presidência depois disso e já disse a Lula: chega é chega — afirmou (leia original em inglês aqui).
A data-limite que serve de referência para Penã é a da troca da presidência do Mercosul, neste momento exercida pelo Brasil, ou seja, por Luiz Inácio Lula da Silva. O nome oficial do cargo é "presidência rotativa pro tempore do Mercosul". O cargo é exercido durante períodos sucessivos de seis meses por um chefe de Estado de um dos países-membros.
Como ele menciona, essa passagem termina em 6 de dezembro, quando o paraguaio assume. Por isso, condiciona o fechamento final do acordo a habilidade de Lula:
— Se existe alguém que pode fechar esse acordo, é Lula. E tem de ser neste ano. Se não for, nunca vai acontecer. Estou supercerto disso: ou fazemos agora, ou não faremos jamais.
Segundo Peña, existem acertos adiantados com Emirados Árabes Unidos e Cingapura. A China não estaria entre os "asiáticos" mencionados pelo paraguaio porque seu país é um dos poucos que reconhecem Taiwan como país independente - portanto, são retaliados pelos chineses. O país que é grande produtor agrícola trocou abundantes exportações ao gigante pelo apoio do maior produtor mundial de semicondutores de última geração na criação de uma universidade técnica em Assunção.
As decisões no Mercosul, é bom lembrar, não são tomadas pela presidência rotativa, claro. Conforme as regras do bloco, decisões como fechar um acordo com a União Europeia - ou fechar as portas para isso - precisam ser aprovadas por todos. Além disso, existe uma incerteza tão grande no horizonte sul da América Latina - a eleição na Argentina, para a qual o anarcocapitalista Javier Milei segue sendo favorito, com uma agenda que inclui saída do Mercosul e dolarização.