Depois de um IPCA-15 acima das expectativas, o índice oficial de inflação "cheio" de agosto veio abaixo do esperado, o que confirma as projeções de corte de 0,5 ponto percentual no juro básico na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana.
O IPCA de agosto ficou em 0,23%, com ajuda de forte redução nos preços dos alimentos, o que ajuda a amortecer o efeito do aumento pesado nos preços dos combustíveis.
Havia suspense sobre o resultado do IPCA. Se viesse muito alto, poderia chancelar a hipótese de uma poda menor no juro na reunião do Copom da próxima semana, de 0,25 ponto percentual. Essa especulação crescia com declarações muito cautelosas dos diretores do BC e com a "surpresa" de parte do mercado com o corte de 0,5 p.p. na reunião do início do mês passado.
Ocorre que o Copom havia sinalizado "parcimônia", o que em banco-centralês corresponde a poda de 0,25 p.p. Para marcar intenção de corte de 0,5 p.p., a instituição costuma usar a palavra "moderação". Mas tanto o comunicado quanto a ata da reunião anterior haviam sido muito claros: "os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".
Ainda assim, os especuladores mais otimistas projetavam cortes maiores, enquanto os mais pessimistas criaram a expectativa de uma "correção de surpresa" na próxima reunião. O resultado comportado da inflação em agosto chancela a previsão do Copom de um corte para 12,75% na próxima semana.
Em relatório sobre o IPCA de agosto, Alexandre Maluf, economista da XP, afirma que "medidas subjacentes do IPCA de agosto mostraram sinais animadores de desinflação, incluindo aquelas monitoradas de perto pelo Banco Central". Observa, ainda que, dada a "resiliência da atividade econômica" - as sucessivas surpresas positivas com o PIB - e as manifestações cautelosas de diretores do BC, o Copom "não deve mudar o ritmo de cortes de juros de 50 pontos-base para as próximas reuniões".