Se na segunda-feira (18) a projeção mais frequente para o crescimento do PIB neste ano subiu para 2,89% no boletim Focus do Banco Central (BC), outro dado publicado pelo BC nesta terça-feira (19) sugere que a temporada de revisões pode estar perto do fim.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve variação positiva de 0,44% em julho em relação ao mês anterior - é mais preciso caracterizar como uma estabilização do que propriamente como uma "alta".
É apenas o primeiro mês do terceiro trimestre - já estamos terminando o último -, mas economistas leram esse resultado como o dado que faltava para confirmar as projeções de desaceleração no que resta do ano. A coluna já mencionou que, só no primeiro semestre, o PIB já cresceu 3,7%. Isso significa que essa expectativa está embutida na estimativa de um PIB menor para o ano inteiro.
O que alimentou o pibão do primeiro trimestre foi a produção agrícola, atividade que decai no terceiro. Esse era um dos argumentos de quem previa a desaceleração - desde o começo do ano, na verdade, daí a surpresa com o vigor do crescimento de janeiro a junho.
"Em nossa opinião, a atividade doméstica irá desacelerar gradualmente ao longo deste semestre. A dissipação do choque positivo da agricultura, sinais de moderação no mercado de trabalho e condições de crédito ainda apertadas apoiam esse prognóstico. Projetamos que o PIB do Brasil crescerá 2,8% em 2023", afirma em relatório Rodolfo Margato, economista da XP.
"Enxergamos um quadro de maior estabilidade da atividade até o final do ano, diante de uma indústria com problemas para se recuperar, um cenário global ainda bastante desafiador, alto endividamento das famílias e efeitos cumulativos da política monetária restritiva", ecoou Rafael Perez, economista da Suno Research.
"No restante deste ano, apesar de nossa expectativa e a do mercado de cortes na taxa Selic, terminando este ano em 11,75% e no próximo ano em 9%, avaliamos que as taxas de empréstimo para famílias e empresas se reduzirão de forma mais moderada e as condições gerais de crédito continuarão restritas e seletivas", reforçou relatório do Mitsubishi UFJ Financial Group.