A privatização da Sabesp, a empresa paulista de saneamento - portanto a maior entre as estatais estaduais do segmento - era a grande aposta do ano no mercado. No entanto, bastou o governo paulista anunciar as regras, as ações da companhia desabaram na bolsa.
O modelo escolhido pelo governador Tarcísio de Freitas é o mesmo que fracassou no Estado no caso da Corsan: venda de ações, em vez de oferta em leilão, como acabou ocorrendo a venda da estatal gaúcha, ainda que depois de uma longa novela.
Passando da metade da tarde, os papéis despencam mais de 4%, devolvendo metade da alta de quase 8% acumulada nos sete dias úteis anteriores, com a expectativa do anúncio. Para justificar a escolha, o Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização de São Paulo argumentou que esse modelo permitiria a antecipação de investimentos para atingir as metas de universalização previstas para 2033.
Assim como no modelo original previsto para a Corsan, no caso da Sabesp o governo paulista continuará sendo acionista da companhia. Como hoje tem 50,3% das ações, com a venda do lote adicional deve perder o controle, mas se manter como sócio relevante. Mas será que a dificuldade de emplacar a venda por capitalização da Corsan e os narizes torcidos para o mesmo modelo aplicado à Sabesp têm relação?
— O mercado entende que pode ser reflexo de uma experiência aprendida com o caso da Corsan — disse Percy Soares Neto, diretor-executivo da Abcon-Sindicon, entidade que representa as empresas privadas que atuam no segmento.
Ao detalhar as regras, Tarcísio disse que, com esse modelo, espera adicionar ao menos R$ 10 bilhões aos investimentos previstos na universalização, de R$ 56 bilhões para R$ 66 bilhões. Isso permitiria, afirmou, antecipar em quatro anos a universalização do saneamento, atingindo a meta em 2029.
O governo paulista ainda espera poder baixar as tarifas da Sabesp - hoje, mais baixas do que as da Corsan - com os recursos que arrecadar com a venda de ações. Só para fazer uma comparação, a tarifa média de água e esgoto em São Paulo é de R$ 3,65, enquanto em Viamão, onde frequentemente falta abastecimento, é de R$ 7,27. Os dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis). Para checar, clique aqui.