Com o primeiro "nó" em 21 de julho e batismo do Banco Central (BC) no último dia 7, o Drex segue a agenda de testes. Nesta quinta-feira (31), os envolvidos informaram que foi efetuada a primeira transferência entre bancos em real digital, no caso os gigantes Itaú e BTG Pactual.
Para lembrar, a diferença em relação ao Pix é que o Drex é a própria moeda nacional oficial, só em formato eletrônico, baseado em tokenização. Seu papel, segundo o BC, será facilitar o acesso a serviços financeiros, permitindo registrar um valor de maneira simples e confiável.
Os dois bancos efetuaram a operação usando a tecnologia Hyperledger Besu, uma espécie de DLT (distributed ledger technology, ou tecnologia de ledger distribuído). O tempo da transação foi de cinco segundos.
Como ressaltou Aristides Cavalcante, chefe do escritório de cibersegurança e inovação tecnológica do BC, o blockchain, que é base do bitcoin, está para a "gilete" como o DLT está para "lâmina de barbear". O BC adiou de 11 de setembro para 4 de dezembro o início dos testes coletivos, já com todos os "nós" instalados. Com isso, a fase de ensaios fechada ao público em geral só será concluída em maio de 2024.
"Nó" é um computador capaz de rodar um determinado software que atua para criar uma rede de computadores interconectados que compartilham informações de forma segura, rápida e descentralizada, nesse caso específico para fazer as checagens dos processos DLT.
O real "tokenizado"
Sim, é meio complicadinho, mas a coluna tenta explicar: o real digital será uma forma de dinheiro tokenizada. Como? Significa que tem registro digital. A diferença é que hoje, quem define se uma pessoa tem R$ 10 na conta e outra tem R$ 20 é um intermediário, no caso as instituições financeiras.
A "tokenização" é uma operação digital que, de certa forma, substitui os bancos (leia mais nesta entrevista publicada pela coluna). Vários processos conferem a autenticidade do valor, o que dá robustez e segurança ao registro digital, permitindo que outros verifiquem. O que determina a propriedade do valor é uma chave privada do token. Hoje, quem "perde bitcoins", na verdade, perdeu a chave, e como o processo é totalmente descentralizado, não é possível recuperá-la. Conforme o BC sempre esclarece, não se trata de uma criptomoeda, mas a representação da moeda nacional no universo de ativos digitais.