Depois de desembarcar em Joanesburgo (África do Sul) ao lado de Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), o Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (22), que os países do Brics querem ter um banco "maior do que o FMI (Fundo Monetário Internacional)". É uma promessa? Ou é uma ameaça?
Conhecido como banco dos Brics, o NDB tem, de fato, poder. Mas enquanto o FMI tem 190 países-membros (veja a lista aqui), o bloco dos mais promissores emergentes - em tese - reúne cinco, até agora, embora tenha uma lista de adesões que chega a 40.
As diferenças vão além. O FMI foi criado para ser uma instituição de socorro a países com problemas de pagamento de suas dívidas em dólar - como indica o nome "fundo". Atua quando um de seus integrantes corre risco, como já ocorreu muitas vezes no Brasil e hoje se repete na Argentina, para evitar contágio para outras nações em situação semelhante.
O banco dos Brics, como diz seu nome oficial, é focado no desenvolvimento, ou seja, no financiamento de obras que melhorem a infraestrutura e deem melhores condições a seus membros superarem os gargalos do crescimento. A instituição já abriu as portas para não integrantes do bloco. Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (a sigla do bloco é formada pelos nomes em inglês, daí o "s" de South Africa), desde 2021 inclui Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos (o que inclui os endinheirados Dubai e Abu Dhabi) e Uruguai.
Definidos os papéis, as duas instituições operam da mesma forma, exatamente como funcionam os governos: arrecadam recursos e aplicam, se possível com ganho para sustentar suas atividades. Com base em dados de junho passado, o FMI tem recursos totais de US$ 1,3 trilhão (confira aqui, com a observação que um SDR, a "moeda do fundo", vale US$ 1,33). No final do primeiro trimestre deste ano, o banco dos Brics tinha ativos de US$ 27,24 bilhões.
Então, a frase de efeito de Lula é uma promessa, mas de difícil execução. E por que seria ameaça? Porque só se converteria em realidade caso a instituição aumentasse drasticamente a quantidade de integrantes, além da contribuição de cada um deles. E de onde sairiam esses recursos? Do "fundo" de sempre, o dinheiro dos contribuintes.