Nesta semana, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) informou queda de 44,4% no número de lançamento e de 5,2% nas vendas de imóveis no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2022.
Na mesma semana, a construtora gaúcha Melnick reportou os dados de seu tradicional evento promocional, o Meday, que teve recorde de 400 unidades vendidas, que renderam R$ 320 milhões.
Os números nacionais são muito influenciados pelo mercado da cidade de São Paulo, 10 vezes maior do que o de Porto Alegre.
— É um mercado que responde com mais rapidez ao ambiente macroeconômico, tanto na hora de frear quanto na de acelerar. Agora, está bastante definido pelo juro mais alto, mas é preciso sempre ser interpretado de cidade a cidade — diz Marcelo Guedes, vice-presidente de operações da Melnick.
No mercado local, lembra o executivo, há poucas grandes incorporadoras, um número decrescente de médias e muitas pequenas:
— As mais capitalizadas seguem fazendo lançamentos, mas as menores, diante de uma economia mais turbulenta, pisam no freio mais rapidamente. A Melnick está bem posicionada, depois do IPO (oferta pública de ações), e as vendas são muito relacionadas à qualidade dos produtos em carteira.
Segundo Guedes, os dados do Medey retratam isso. A primeira edição do evento, em 2012, havia vendido o equivalente a R$ 50 milhões. Neste ano, chegou ao valor mais alto das 12 edições, com R$ 320 milhões, aumento ao redor de 20% em relação à edição anterior. Semanas antes do evento, foram realizadas 1,9 mil visitas a imóveis, para que os negócios pudessem ser fechados nas condições especiais que são válidas por apenas um dia. Foram fechados 450 contratos em 39 empreendimentos só da Melnick.
— O consumidor de imóveis de padrão mais alto não é tão dependente de financiamento, tem recursos próprios, e normalmente já tem um apartamento de alto valor, desembolsa só a diferença. Nesse momento de juro alto, o segmento de entrada sofre mais, com volume de vendas menor.