Há décadas grandes e médias cidades debatem o que fazer com o emaranhado de fios que emoldura, mas não orna, suas ruas. Agora, uma entidade tomou para si parte desse desafio. A InternetSul — Associação dos Provedores de Serviços e Informações da Internet —, criou a campanha Poste Limpo, para tentar ao menos reduzir o acúmulo de cabos nos postes.
O movimento começa pelo Rio Grande do Sul no dia 20, em Erechim. Será o primeiro Dia D, como a entidade chama a data do mutirão de provedores e concessionárias para limpar postes em determinado município.
Segundo dados do Ministério das Comunicações apresentados pela associação, há cerca de 60 milhões de postes no Brasil, e destes, 25% têm superlotação ou sobrecarga de cabos, fios e outras estruturas, que disputam os cerca de 60 centímetros disponíveis nos pontos estratégicos de cada estrutura.
A campanha também pretende desenvolver uma cultura de não acúmulo e de melhor uso dos postes, tanto para provedores de internet quanto para concessionárias de energia elétrica e outros prestadores de serviço. Reduzir o emaranhado evita poluição visual e, principalmente, diminui os riscos à segurança.
Segundo Alexandro Schuck, presidente da InternetSul, um dos principais entraves para um melhor uso dos postes está, atualmente, no valor cobrado pelas concessionárias para compartilhamento com os provedores de internet e telecomunicações.
— O valor precisa ser revisto. Somos mais de 20 mil empresas com SCM (licença para Serviço de Comunicação Multimídia) no Brasil, mas o preço exigido é muito maior do que o recomendado por Aneel e Anatel na resolução conjunta de 2014 — afirma Schuck.
De acordo com a InternetSul, a campanha Poste Limpo já tem apoio da RGE, da Câmara Municipal de Porto Alegre, da Câmara Municipal de Erechim e de outras entidades de Internet e Telecom de todo o Brasil, como TelComp, APIMS, Abramulti, Abrint, Aspro, Redetelesul, Associação NEO, ProBahia, Aspeal e Seinesp.
— A campanha tem abrangência nacional, pois vai melhorar a colocação dos cabos de fibra ótica, fiação da iluminação pública e das concessionárias seguindo o padrão exigido, além de recolher cabos sem uso. A ideia é, a cada três meses, fazer uma rua diferente nas cidades contempladas — explica Schuck.
Além disso, a campanha prevê a organização de grupos regionais de incentivo à higienização dos postes, formados por concessionárias, prefeituras e ocupantes, além de estimular a cultura de limpeza, para que os responsáveis façam a manutenção dos cabos pertencentes ao provedor de forma constante.
Para um cenário equilibrado, o presidente da associação acredita que, além do preço justo para o ponto de fixação, a escolha de uma gestora de postes por localidade e a revisão de norma técnica para permitir mais espaços regulares para provedores são essenciais.
— A InternetSul está otimista com a campanha e espera que resultados positivos sejam alcançados ao longo do tempo. Já passou da hora de encontrarmos soluções para esse problema — constata.
* Colaborou Mathias Boni