O "gaúcho" do título acima tem de ser entre aspas porque parte da responsabilidade pelo protótipo de ônibus autônomo apresentado na quarta-feira (14) pela Marcopolo, é da startup capixaba Lume Robotics.
Mas foi no Rio Grande do Sul que nasceu o impulso para colocar o veículo para rodar - e para ser apresentado ao público, o que não é muito comum no Brasil.
O primeiro passo foi a constituição da Marcopolo Next, há quatro anos. Essa divisão focada em inovação foi criada para que a tradicional empresa gaúcha dedicasse tempo, esforço e dinheiro ao futuro da mobilidade. No mesmo ano, surgia em Vitória (ES), no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a startup Lume Robotics.
A apresentação de veículos conceituais é mais rara no Brasil do que no Exterior, comandada por grandes montadoras, das tradicionais às que comandam a disrupção, como a Tesla. Foi preciso quebrar barreiras, relatou à coluna Alexandre Cruz, líder de investimentos, inovação e novos negócios da Marcopolo Next. Agora que já mostraram a façanha, as duas empresas vão voltar para a prancheta para melhorar o projeto.
— O próximo passo é continuar a fazer protótipos e em testes que nos deem informação adicional. O início da produção vai depender de ter demanda efetiva com escala — diz Cruz, que está há apenas três anos na Next, e é egresso do mercado financeiro.
Esse projeto foi feito com veículo movido a motor a combustão. Uma das promessas é a redução no consumo de combustível e na emissão de poluentes que resulta de uma condução "de manual" - nem sempre seguido por motoristas humanos. Mas entre os próximos passos, é claro, está o desenvolvimento de um sistema que possa tornar autônomos também ônibus elétrico.
— Por estarmos em uma fase de estudos, acreditamos que ainda existem aspectos a serem desenvolvidos, tanto na experiência de uso dos veículos, quanto na percepção de segurança do passageiro e na conexão e interação com o ambiente externo. Ainda serão realizados novos testes e pesquisas para que, no futuro, o modelo seja uma realidade para o mercado — reforça João Paulo Ledur, diretor de estratégia e transformação digital da Marcopolo.
O que a Marcopolo fez, de certa forma, foi colocar seu nome - ou seu "cone" -, no desenvolvimento tecnológico do futuro da mobilidade. A partir da apresentação do protótipo, esse debate passa necessariamente pela montadora no Brasil.