O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Ainda tentando diminuir o impacto dos custos e da desaceleração da atividade econômica, o setor de transporte apresenta pessimismo no Rio Grande do Sul. O recém-lançado Índice de Confiança do Transportador, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) nesta segunda-feira (8), ficou em 46,9% no Estado em uma escala de 0% a 100%. Despesas elevadas para a operação, problemas de infraestrutura de rodovias e receio em relação às condições econômicas do país ancoram o otimismo da classe, segundo os responsáveis pela pesquisa. A elaboração do material contou com o apoio da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas do Estado (Fetransul).
— O valor do diesel continua alto. Não há uma política muito clara de precificação e isso é negativo para o empresário. Tem a infraestrutura, com as rodovias do Brasil apresentando índice de precariedade elevado. E, de uma forma geral, esse cenário com política econômica que ainda não está muito bem definida acaba gerando uma insatisfação e incerteza, que refletem nesse índice — destaca o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
O índice geral é uma composição ponderada da confiança nas condições atuais (38,9%) e nas perspectivas (50,9%). Esse recorte mostra empresários mais aflitos em relação ao presente do que ao futuro.
O presidente da Fetransul, Afrânio Kieling, afirma que, além dos custos diretos com o diesel, melhorias em infraestrutura podem gerar mais economia para os transportadores:
— Com melhores estradas, o caminhão pode gastar menos caixa de câmbio, menos diferencial, menos pneu e fazer mais quilômetros por litro.
O diretor-executivo da CNT afirma que o índice de confiança ajuda os empresários no sentido de decisões mais assertivas em investimentos e serve como um termômetro da atividade, com um bom reflexo do dinamismo econômico no Estado.
A apuração ouviu 318 empresas do modo rodoviário de cargas no Rio Grande do Sul, levando em conta microempresas e empresas de pequeno, de médio e de grande porte. Os dados foram coletados entre os dias 14 de março e 4 de abril deste ano. Conforme Batista, o indicador deve ser divulgado a cada três meses. A ideia é expandir esse projeto-piloto realizado no Rio Grande do Sul para outros Estados do país, com um viés nacional.
O executivo da CNT destaca que, mesmo com o impulso das vendas pela internet nas entregas, o setor de transporte é heterogêneo e esse efeito não é uniforme. Empresas de porte pequeno ou médio têm menos gordura para queimar e enfrentam um cenário mais desafiador, segundo o dirigente.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo