O percentual de estradas que apresentam algum tipo de problema no Rio Grande do Sul diminuiu, mas segue em patamar elevado. No Estado, seis em cada 10 rodovias não estão em boas condições, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada nesta quarta-feira (9).
O levantamento aponta que 66% da malha rodoviária pavimentada do RS entra no grupo de rodovias em estado regular, ruim ou péssimo. O restante — 34% — é considerado ótimo ou bom.
A pesquisa da CNT avaliou toda a malha pavimentada das rodovias federais e os principais trechos estaduais. No Rio Grande do Sul, foram 8.786 quilômetros analisados.
Comparando com o último levantamento, de 2021, o percentual de rodovias em situação precária caiu no Estado. No ano passado, 68,8% das estradas gaúchas estavam no grupo composto por situação regular, ruim ou péssima — ou seja, o Estado apresentou queda de 2,8 pontos percentuais nesse indicador de um ano para o outro.
Olhando os dados mais segmentados da pesquisa, é possível observar que a ligeira melhora no índice geral foi puxada, principalmente, pelo fator sinalização. O percentual de rodovias com sinalização precária no Estado passou de 73%, em 2021, para 55% em 2022. Já a pavimentação apresentou piora, subindo de 49,3% para 56,7%.
A professora de mobilidade e infraestrutura da Unisinos Danielle de Souza Clerman afirma que uma melhora mais expressiva na situação das rodovias passa por uma série de fatores. Controle mais intensivo do peso de veículos de carga e reforço na manutenção periódica são alguma das intervenções necessárias nesse sentido, segundo a especialista:
— É justamente com a manutenção diária e preventiva que a gente consegue melhorar as condições de tráfego e empurrar essas intervenções maiores.
O número de pontos críticos nas estradas gaúchas também apresentou redução, caindo de 67, em 2021, para 31 neste ano.
Entre os três principais pontos analisados pela CNT, a geometria apresenta a situação mais complicada, com 66,8% da extensão da malha rodoviária do Estado com algum tipo de problema — mesmo patamar do ano anterior. Predominância de pistas simples e falta de acostamento são alguns dos principais transtornos.
A professora Danielle afirma que as questões de geometria das rodovias são mais complicadas de contornar, porque envolvem intervenções mais profundas, que demandam maiores investimentos e mudanças em terrenos.
Olhando-se pelo lado dos recursos necessários para reverter esse quadro de estradas com problemas estruturais, teriam de ser desembolsados R$ 6,43 bilhões para recuperar as rodovias no Estado, com ações emergenciais, aponta o levantamento. Essa estimativa leva em conta obras de restauração e de reconstrução.
Situação no Brasil
No geral, os dados do Rio Grande do Sul espelham o resultado nacional. No país, 66% das rodovias estão em situação regular, ruim ou péssima. Olhando a variação, o cenário inverte. No país, o indicador geral piorou em relação a 2021, quando 61,8% das estradas apresentavam problemas.
— Não é o problema de um só governo. É um problema de Estado. É preciso constituir políticas públicas duradouras, perenes, que garantam investimento para que a malha brasileira possa migrar de situação de regular, ruim e péssima para, dentro de um horizonte planejado e estruturado em termos de investimento, construção e manutenção, rodovias em melhor nível de qualidade — afirmou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, durante apresentação dos dados.
O levantamento também aponta 2.610 pontos críticos na malha rodoviária pavimentada do país. Segundo a CNT, são necessários R$ 72,26 bilhões para recuperar as rodovias no Brasil, com ações emergenciais.