Com a informação completa sobre a oferta recebida pela Novonor (ex-Odebrecht) para compra da Braskem, outros interessados no negócio começam a se posicionar.
Além do consórcio formado pelo fundo americano Apollo e a petroleira de Abu Dhabi Adnoc, que querem 100% da petroquímica, há ao menos duas companhias nacionais interessadas: a Unipar e a J&F, dona da JBS.
Além da disputa por valor, há um diferencial estratégico: ambas aceitam que a Petrobras, que tem 36,1% da petroquímica - ante 38,3% da Novonor -, permaneça como sócia. Nesta semana, a estatal publicou nota afirmando que "todas as ações relacionadas à sua participação na Braskem exigem análise cuidadosa (destaque da coluna). Antes, o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, havia afirmado que poderia "vender ou comprar" ações da Braskem - e o mercado levou a sério, tanto que circulam cálculos de quanto custaria para bancar a parte da antiga Odebrecht.
— A oferta que está na mesa voltou a patamares de preço que fazem sentido. O que é bom para os acionistas da Braskem é que, assim, aparece mais gente para querer comprar – avalia João Luiz Zuñeda, diretor da Maxiquim, consultoria do segmento.
Na visão de Zuñeda, a proposta deve fazer a J&S reavaliar a oferta anterior, considerada muito abaixo do valor da Braskem. Mesmo com analistas afirmando que o valor efetivo por ação não é de R$ 47, como sugere a simples soma dos componentes da oferta, mas cerca de R$ 34, é considerado mais próximo da realidade.
— Outros interessados poderiam estar esperando esse momento para dar agora outro passo. Em processos de compra, é assim que se faz. Se ninguém está ofertando preço bom, todos esperam. A Braskem é um ativo muito bom, como poucos à venda no mundo.
Zuñeda lembra que os negócios da Braskem no Brasil, que incluem a quase totalidade das unidades do polo gaúcho de Triunfo, representam cerca de metade das atividades. A outra está distribuída principalmente entre Estados Unidos e México, com operações também na Europa.
— A Jj&F pode ter alguma vantagem por ser mais flexível, sinaliza que a Petrobras pode ficar como sócia ou não e até uma pequena fatia da Novonor. Pode ser uma alternativa que favoreça o grupo, inclusive por ser brasileira. Agora que o patamar da compra foi para outro nível, as estratégias começam a se reagrupar.
Os outros candidatos
J&F: é a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que além da JBS controla da Eldorado Celulose e o Banco Original, entre outros negócios. Circulam informações no mercado de que Joesley comanda pessoalmente as negociações para a aquisição da Braskem. Entre as flexibilidades de seus modelos, existiria até a hipótese de que a Novonor ficasse com uma pequena participação e se mantivesse como operadora do negócio.
Unipar: é a segunda maior produtora de PVC do Brasil - atrás exatamente da Braskem. Isso significa que uma eventual compra obrigaria a se desfazer de unidades produtoras dessa resina. O grupo tem unidade no polo da Braskem do ABC paulista. Assim como a J&F, a Unipar é uma empresa com origem familiar, fundada por Alberto Soares de Sampaio e comandada até poucos anos pelo genro Paulo Geyer. Hoje, o presidente do conselho de adminstração é Frank Geyer Abubakir, neto de Paulo.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo