Em 2015, um fundo formado por empresários gaúchos e liderado por Leandro Melnick assumiu o controle da incorporadora paulista Even, que por sua vez havia abocanhado um naco da construtora gaúcha da família em 2008. Leandro assumiu a presidência do conselho e, em agosto de 2108, virou CEO.
Agora, troca todas as cadeiras: deixa de ser CEO da Even e volta à presidência do conselho, enquanto deixa o papel de chairman da Melnick e reassume como CEO, focado na aplicação dos recursos que a empresa gaúcha tem entesourados desde a abertura de capital, em 2020.
— Quando assumimos a Even, estava claro que era preciso fazer uma reestruturação. Fiquei dois anos como presidente do conselho, mas, em 2018, ficou claro que não estava andando na velocidade necessária, e aí virei CEO — relata.
De 2018 a 2022, relata Leandro, o endividamento de 57% do patrimônio líquido foi transformado em caixa líquido (a empresa tem mais dinheiro disponível do que deve) de R$ 976 milhões. As despesas administrativas, que equivaliam a 13,3% dos valores obtidos com as vendas de lançamentos foram reduzidas para 7%, na média dos últimos três anos. E a Even focou sua atuação em empreendimentos de médio e alto padrões, com valor de venda acima de R$ 250 milhões em regiões nobres da cidade de São Paulo. O estoque de terrenos, que somava R$ 2,6 bilhões, foi expandido para R$ 4,7 bilhões.
Com esses resultados, o empresário avaliou que sua missão estava cumprida. O novo CEO da Even é Marcio Botana Moraes, atual conselheiro e sócio da empresa por meio da RFM Incorporadora.
— Como o Brasil é um país de ciclos muito intensos, é preciso entender que crises serão cíclicas e profundas. Não adianta culpar o presidente ou o ministro da vez. Nesse ambiente, uma incorporadora, que é intensiva em capital, precisa de solidez financeira, não pode estar endividada, tem de ser enxuta e ágil — constata Leandro.
A partir de agora, como CEO da Melnick, Leandro passa a dedicar a maior parte da semana à empresa gaúcha que, segundo ele, ainda não aplicou os R$ 700 milhões obtidos no IPO realizado em setembro de 2020
— Nesses mais de dois anos, o mercado mudou, tivemos um crescimento conservador, menor do que o planejado inicialmente. Nosso projeto de expansão é muito disciplinado, vamos testando devagarinho. Já temos operações de teste no mercado econômico (Minha Casa Minha Vida), fora do Rio Grande do Sul, parcerias com outras gaúchas e até operações imobiliárias financeiras com outras incorporadoras.