Em 2013, a Revoada foi criada pela comunicadora Adriana Tubino e pela estilista Itiana Pasetti para reutilizar câmaras de pneu e tecidos de guarda-chuva em produtos sustentáveis.
Em uma década, o negócio, que começou com a venda de bolsas, mochilas e jaquetas para o consumidor final, virou uma consultoria para empresas em inteligência sustentável.
Atualmente, entre outras atividades, desenvolve um projeto para a Latam, com desafio de reaproveitar 10 toneladas de uniformes dos funcionários da companhia aérea. Conforme a coluna adiantou no ano passado, a rede formada pela Revoada vai produzir mil bolsas a partir do material.
— No terceiro ano, recebemos o primeiro contato de uma empresa. No começo, compravam nossos produtos. Por isso, criamos um catálogo específico, porque as marcas compravam em grande quantidade. Chegamos a ter uma encomenda de 16,6 mil produtos. Em seguida, passaram a nos consultar se poderíamos criar produtos com seus resíduos, e assim nasceu a consultoria. Hoje, somos focadas nisso — detalha Adriana.
Adriana pontua que o trabalho com as empresas tem base nos processos da própria Revoada. Desde 2013, o negócio reaproveitou 25 mil unidades de guarda-chuvas e 20 toneladas de câmaras de pneu.
— Ao pensar em utilizar resíduos, tivemos de criar um processo produtivo para isso. Ou seja, comprar as câmaras das borracharias e os tecidos da unidades da triagem de lixo. Depois, tínhamos de higienizar todo o material e, por fim, criar os produtos utilizando a mão de obra de costureiras de cooperativas. Assim, fazemos processos muito semelhantes aos que fizemos para a gente, criando cadeias produtivas a partir de resíduos gerados pelas próprias empresas.
Um dos casos de sucesso é o projeto desenvolvido com a Toyota. Criada em 2019, até hoje a iniciativa gera impactos positivos. Para a marca de carros, organizou a reutilização de resíduos para criar produtos em parceria com cooperativas próximas às montadoras em Sorocaba e Indaiatuba, no interior paulista:
— Oferecemos para as cooperativas workshops de costura, vendas e empreendedorismo. Com as cooperadas, desenvolvemos uma coleção de 12 produtos usando resíduos, não só de uniformes, mas até cintos de segurança. O projeto segue até hoje, com o catálogo gerando renda.
Segundo Adriana, o plano é se conectar mais com empresas e ampliar sua atuação no país:
— Queremos novos clientes, aumentar a nossa rede de mulheres costureiras e reaproveitar mais resíduos. Também desejamos expandir a presença para outras regiões, o que já está começando. Hoje, estamos muito centradas em São Paulo, mas já começamos um trabalho bem bonito no Nordeste e também no Centro-Oeste.
ESG na Prática
Atividades econômicas sem responsabilidade social e ambiental estão se tornando obsoletas. Práticas ESG (governança corporativa, social e ambiental) não são "moda": fazem parte da mesma transformação que digitaliza negócios e interações pessoais. Inovação não é só tecnologia, mas também diversidade e inclusão. Esta seção mostra o ESG na prática. Sugestões podem ser enviadas para camila.silva@zerohora.com.br e marta.sfredo@zerohora.com.br
* Colaborou Camila Silva