A Vinícola Velho Amâncio é um negócio familiar. A propriedade é ocupada pela mesma família desde 1885, quando o criador do empreendimento que dá nome à empresa se instalou em Itaara para produzir cachaça.
Convertida em produtora de vinhos há pouco menos de 40 anos, hoje tem como administradora a enóloga Aline Fogaça, a quarta geração.
Formada como engenheira agrônoma e com mestrado e doutorado em enologia, Aline atua na vinícola há 22 anos. Amâncio Pires de Arruda, que começou tudo, era seu bisavô. Rubens Arruda Fogaça, pai de Aline, transformou a destilaria em vinícola em 1986, já mirando no crescimento da produção de vinhos no Rio Grande do Sul.
— Meu bisavô foi pioneiro na produção de bebidas na região, ainda no final do século 19. Meu avô continuou com a destilaria, até que meu pai, na década de 1980, teve a ideia de transformar em vinícola. Nasci e cresci nesse meio, e hoje é uma responsabilidade e um orgulho muito grande estar à frente do negócio da família — destaca a enóloga.
A propriedade tem 60 hectares, dos quais seis com vinhedos. O restante de reserva de mata atlântica. A região tem características geográficas peculiares, pois Itaara fica no topo da Serra Geral, também fazendo limite com o início do bioma pampa, e seu solo e clima refletem essa transição.
Por isso, o terroir (área de cultivo de vinhedos com características específicas de solo e clima) se diferencia de outras regiões produtoras de vinho do Estado. Segundo Aline, os vinhedos têm raízes profundas, a amplitude térmica no verão permite a maturação das uvas, e a quantidade de insolação produz um grau de açúcar adequado, sem necessidade de correções.
— É uma região bem especial geograficamente. Estamos no vale central gaúcho, não somos nem Campanha, nem Serra. Estamos nessa transição, com vegetação de mata atlântica e solo do pampa. O Rio Grande do Sul é muito rico em microclimas para produção de vinhos, e cada região tem capacidade de produzir de acordo com suas características — ressalta.
Hoje a vinícola produz cerca de sete tipos de espumantes, e outros 10 estilos de vinhos. Em função do clima local, a Velho Amâncio trabalha principalmente com as uvas pinot noir, merlot, cabernet sauvignon e shiraz.
Todos os rótulos produzidos na propriedade podem ser experimentados pelos visitantes durante as visitas guiadas realizadas no empreendimento, conduzidas pela própria Aline. Como a vinícola é um negócio familiar, todas as visitas são personalizadas de acordo com as demandas e vontades de cada grupo, que podem conhecer os vinhedos, observar os processos de produção, degustar os vinhos produzidos e também ouvir as histórias da família que já está há pouco mais de 135 anos na propriedade.
— Nos últimos anos, reforçamos nosso atendimento ao público, pois o enoturismo no Rio Grande do Sul tem crescido bastante, e isso se refletiu aqui. Nosso trabalho é mostrar que também se produz vinho de qualidade na região central do Estado, e que os turistas também podem nos visitar quando se deslocam entre a serra e a campanha — reforça Aline.
Serviço: A Vinícola Velho Amâncio fica cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre, na estrada Amâncio Pires de Arruda, na zona rural de Itaara. Funciona de segunda a sábado, entre 9h e 18h. O passeio completo, com visita guiada e degustação de todos os vinhos com acompanhamentos, varia entre R$ 50 e R$ 100, dependendo do número de pessoas no grupo. As visitas devem ser agendadas previamente.
Essa seção inclui experiências acumuladas ao longo da pandemia e sugestões de leitores. Quem quiser indicar pequenos negócios que se tornam grandes passeios pelas atrações que oferecem, podem mandar pelos e-mails marta.sfredo@zerohora.com.br e mathias.boni@zerohora.com.br, ou deixar aqui nos comentários.
* Colaborou Mathias Boni