Um novo prédio de alto padrão vai chamar a atenção de quem passa pela Rua Barão de Santo Ângelo, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Uma torre com apartamentos residenciais terá um imenso pilar inclinado para a esquerda.
Com o recurso arquitetônico, as 28 unidades do Barão 428, nome do projeto da incorporadora Wolens, ficarão maiores conforme os andares sobem. A metragem passará de 330 metros quadrados, no primeiro piso, para 400 metros quadrados, no último.
Além da torre "inclinada", o empreendimento preservará uma casa construída entre as décadas de 1920 e 1930, inventariada como patrimônio histórico da cidade e memória histórica do bairro Moinhos de Vento.
Com dois apartamentos por andar, o valor geral de vendas (VGV) do prédio está estimado em R$ 205 milhões. O início das obras ocorreu na quarta-feira (7). O projeto arquitetônico foi desenvolvido pelo Studio Ronaldo Rezende. A ideia foi dar mais leveza à torre, propondo aberturas amplas e grandes varandas.
O prédio terá spa, piscina aquecida coberta, solarium, hidromassagem e sauna. No casarão histórico, ficarão áreas para crianças e para equipamentos para exercícios físicos. Haverá também salas de escritório nas áreas de convivência como opção para reuniões de negócio dos moradores. Está prevista ainda a preservação de boa parte da vegetação do terreno, moldada por espelhos d’água.
O Barão 428 é o terceiro empreendimento da Wolens no Moinhos de Vento: o primeiro foi o Luciana 250, entregue no início deste ano, e o segundo foi o Ondular, lançado em setembro. Os projetos fazem parte de um total de seis construções no bairro, cujo total previsto de vendas que passa de R$ 850 milhões.
A casa que será restaurada é uma das mais emblemáticas da história de Porto Alegre. Um de seus proprietários foi Elias Bothomé, comerciante libanês e personagem influente na sociedade gaúcha no século 20.
— O empreendimento garante a restauração de palacete eclético assinado pelo arquiteto italiano Armando Boni, valorizando a paisagem do bairro e a preservação do importante acervo protegido da cidade — destaca o secretário municipal de Cultura e Economia Criativa, Gunter Axt.
A mansão teve seus anos de glória e uma intensa agenda social, sediando festas importantes, segundo o especialista em patrimônio histórico Evandro Eifler Júnior. A casa ainda estava em propriedade da família Bothomé, até ser comprada pela incorporadora.
— Será promovida a proteção do patrimônio num ato moderno, fabricando a história no dia a dia, compondo permanentemente a memória, produzindo incessantemente a lembrança. A restauração de uma casa não é viver no passado: é deixar o passado viver no presente — defende o arquiteto.
* Colaborou Mathias Boni (bisneto do Armando)
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