A Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), de Canoas, passou por muitas reviravoltas. Até a venda da ainda mais histórica Landulpho Alves, da Bahia, para o fundo Mubadala, de Abu Dhabi, era a única unidade da Petrobras que havia tido participação privada - por quase uma década, 30% da Refap pertenceu à espanhola Repsol.
Estava para ser vendida ao grupo Ultra, dono da rede de postos Ipiranga em 2021, mas a negociação fracassou na reta final. Com a mudança de governo, não deve ser privatizada e, em janeiro de 2023, fará a maior parada de manutenção de sua história, com investimento de cerca de R$ 400 milhões.
Essa parada estava prevista para este ano, mas foi adiada diante do risco de desabastecimento de diesel apontado pela própria Petrobras. Conforme resposta da estatal à consulta da coluna, a manutenção será feita "para garantir a confiabilidade", além de implantar projetos para aumentar a eficiência energética e a segurança de processo
Nos últimos dois anos o recorde de produção mensal de S10 (diesel com baixo teor de enxofre, usado em grandes cidades) foi superado por oito vezes, a mais recente em julho de 2022. Atualmente, a produção atual desse derivado é 34% maior do que o recorde de 2020. Isso foi possível, conforme a Petrobras, com "pequenos projetos de modificação nas unidades de hidrotratamento e na tancagem da Refap".
Ainda segundo a estatal, o adiamento da manutenção "só foi possível após rigorosa avaliação dos especialistas" da empresa, engenheiros e técnicos. Também foram mantidos, assegura a companhia "os requisitos para gestão da integridade e confiabilidade" e houve "anuência dos órgãos de controle pertinentes".
Um dos problemas crônicos da Refap, a instabilidade da monoboia (equipamento flutuante de transferência de petróleo) que recebia petróleo para o refino em Tramandaí chegou a provocar parada de produção na refinaria, há poucos anos, por atraso na chegada de matéria-prima. Segundo a Petrobras, para atenuar o problema foram adotadas "iniciativas preventivas", como o aumento de estoque de petróleo tanto em Tramandaí quanto na refinaria.
"Tais iniciativas se mostraram eficazes para suportar os períodos de mau tempo e evitar a parada de unidades da Refap por falta de petróleo, como ocorria no passado. Além do que já foi feito, a Petrobras está investindo na recuperação de tanques de petróleo, ampliando a capacidade de estocagem na refinaria", completou a estatal na resposta à coluna.