Quando se percorre algumas estradas gaúchas, é possível ver, por quilômetros, um tipo de vegetação muito peculiar, com folhas verde-escuras e, conforme a época do ano, flores brancas.
São florestas de acácias negras, que agora dão à Tanac, fundada em 1948 e com sede em Montenegro, o título de maior produtora dessas árvores do mundo: são cerca de 55 milhões de unidades em cerca de 30 mil hectares só Rio Grande do Sul, principalmente em cidades como Encruzilhada do Sul, Piratini, Cristal e Bagé.
Todos os anos, a Tanac é auditada pela Bureau Veritas Certification para avaliar o impacto de sua produção no ambiente. Na mais recente checagem, o selo de carbono negativo comprovou que a empresa chegou a sequestrar sete vezes mais gás carbônico do que emitiu no período.
Além de contabilizar as emissões diretas, provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela empresa, também são analisadas as emissões indiretas dos chamados Escopo 2, que inclui as da energia adquirida e consumida, e Escopo 3 , de atividades de terceiros, como bens e serviços comprados, transporte, viagens de negócios, tratamento de resíduos e emissões de fornecedores. Esse desempenho fez a Tanac ser convidada a apresentar o seu caso na COP27. A empresa participará de um painel sobre negócios verdes na próxima terça-feira (15):
— A preocupação com o ambiente está presente desde a nossa origem. Somos carbono negativo desde o início. Hoje, fazemos auditoria anual para verificar o quanto efetivamente estamos capturando de CO2 em relação ao que emitimos na atmosfera, mas essa agenda ESG estava intrínseca na essência da empresa. Agora só estamos compartilhando mais essas informações com o mercado e o público — relata João Carlos Soares, presidente da Tanac.
Antes de seguir para o Egito, onde participará da conferência da ONU, Soares estava viajando por países asiáticos, como Cingapura e Japão. Cerca de 90% da receita da empresa vem de exportações, tendo Ásia e Europa como os principais destinos.
A acácia negra, além ser aproveitada para madeira, ainda permite a extração de tanino da casca, que tem diversas aplicações, de curtimento de couro a tratamento de efluentes. A árvore ainda é conhecida pela capacidade de restaurar áreas degradadas, atuando no controle da erosão e na melhora da fertilidade do solo.
— Além dos benefícios que traz ao solo e ao ambiente como um todo, o diferencial da acácia negra para outras árvores, como pinus e eucalipto, que produzem madeira, é justamente a casca. Poder extrair tanino aumenta a produtividade e cria inúmeras possibilidades de aplicação do material — acrescenta Soares.
Em setembro, a Tanac firmou parceria com o Banco do Brasil para fomentar o plantio e o manejo de acácia negra no Estado, possibilitando o aumento da base florestal. O acordo inclui financiamento a produtores rurais para que possam arcar com custeio e investimento agropecuário, tendo em contrapartida a garantia de compra pela Tanac.
* Colaborou Mathias Boni