Marta Sfredo

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A coluna online é um pouco diferente da GPS da Economia, de Zero Hora, que também assino. Aqui, cabe tudo. No jornal impresso, o foco é em análise dos temas que determinam a economia (juro, inflação, câmbio, PIB), universo empresarial e investimentos.

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Análise

Bolsa sobe quase 2% e dólar cai abaixo de R$ 5,30 com projeção de PEC desidratada

No mercado, "licença para gastar" de até R$ 150 bilhões por dois anos está "precificada"

Marta Sfredo

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Não se trata de subir no boato e descer no fato: o que moveu o mercado financeiro nesta terça-feira (29), um dia depois que foi protocolada a PEC da Transição com até R$ 198 bilhões de gastos fora do teto por quatro anos, foi não foi a notícia da véspera, mas a perspectiva do amanhã.  

O que inspirou os movimentos do dia foi a  perspectiva de que o Congresso desidrate a PEC, tanto em valor quanto em prazo.

O dólar caiu 1,46%, para R$ 5,288. É a primeira vez que fecha abaixo de R$ 5,30 desde o dia 9. No dia seguinte, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi anunciado na transição e levou o câmbio para perto de R$ 5,40. O Ibovespa, principal índice da bolsa, chegou a subir quase 3%, mas encerrou o dia com alta mais moderada, de 1,96%. 

Entre o pico e o fechamento, surgiu uma declaração do deputado federal  Lindbergh Farias (PT-RJ) de que, se houver problemas com a PEC, o futuro governo teria outros instrumentos para garantir recursos extras. Referia-se à hipótese de recompor o orçamento via medida provisória (MP), já cogitada na transição

Conforme analistas, uma excepcionalidade para gastos extras entre R$ 120 bilhões a R$ 150 bilhões por até dois anos está "precificada", ou seja, não provoca temor de explosão da dívida como ocorreu com a proposta de R$ 198 bilhões por ano para o resto da eternidade. 

A reação benigna foi favorecida pelo cenário externo, em que o dólar cedeu frente a várias moedas e ações de empresas que exportam matérias-primas (commodities) se valorizaram. Até aliados do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, admitem que o valor cheio foi enviado para ser negociado no Congresso.

Como é a PEC de R$ 198 bilhões
Parcela já assegurada para pagar R$ 405 | R$ 105 bilhões
Parcela para levar o benefício a R$ 600 | R$ 52 bilhões
Adicional de R$ 150 por criança de até seis anos | R$ 18 bilhões*
Até 6,5% de receitas extraordinárias | R$ 23 bilhões 

Como é a principal alternativa de R$ 78,6 bilhões
Aumento do Bolsa Família de R$ 405 para R$ 600 | R$ 52 bilhões
Aumento real do salário mínimo em 1,4% |  R$ 6,4 bilhões
Zerar a fila do SUS | R$ 8,5 bilhões
Recomposição do FNDCT  | R$ 6 bilhões
Recomposição da merenda escolar   | R$ 1,5 bilhão
Recomposição da Farmácia Popular  | R$ 1,2 bilhões  

Como pode ficar o meio-termo ao redor de R$ 120 bilhões
Aumento do Bolsa Família de R$ 405 para R$ 600 | R$ 52 bilhões
Até 6,5% de receitas extraordinárias | R$ 23 bilhões*
Adicional de R$ 150 por criança de até seis anos | R$ 18 bilhões
Aumento real do salário mínimo em 1,4% |  R$ 6,4 bilhões
Zerar a fila do SUS | R$ 8,5 bilhões
Recomposição da Farmácia Popular  | R$ 1,2 bilhões
Recomposição da merenda escolar   | R$ 1,5 bilhão
Recomposição do FNDCT  | R$ 6 bilhões
Implementação da Lei Aldir Blanc | R$ 3 bilhões 

(*) Esse valor é um potencial, se não houver receita extraordinária, não se concretiza


Leia mais na coluna de Marta Sfredo  

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