O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Alguma surpresa com o novo aumento de 5,2% na gasolina e 14,2% no diesel? Se os brasileiros foram pegos no contrapé, em meio ao feriadão, com a notícia não foi por falta de sinais, mas, talvez, pela cortina de fumaça lançada sobre a pauta dos combustíveis ao longo dos meses e intensificada nas últimas semanas.
Enquanto o debate girava em torno da tentativa do governo Federal em limitar a 17% a incidência do ICMS estadual, os indícios não paravam de chegar. Ex-Superintendente de Abastecimento da ANP e economista-chefe da ES PETRO, Edson Silva já alertava para o fato no dia 9 de junho, quando a Petrobras reiterou “compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global, necessária para a garantia do abastecimento doméstico”.
Trocando em miúdos, significa que os preços de paridade de importação (PPI), que consideram, sobretudo, o câmbio e a cotação internacional do petróleo, continuam dando as cartas, a despeito de qualquer tentativa de desviar o foco que possa vir a acontecer no ambiente político nacional.
Nesse caso, os números não costumam mentir. Até tardam, mas não falham. E foi o que aconteceu. Trinta e nove dias depois do último aumento do diesel nas refinarias, em 10 de maio, o preço do Barril de Petróleo Brent avançou 16,76 %, de US$ 102,61, em 10 de maio, para US$ 119,81 na quinta-feira (16), 24 horas antes do novo repasse anunciado pela Petrobrás. No meio do caminho, chegou a ser cotado a US$ 120,67.
Na gasolina, não é diferente e nos 99 dias que separam os dois últimos reajustes, o dólar subiu de R$ 5,21 para R$ 5,32. De acordo com o economista, sobraram evidências de que a situação chegaria onde está e as medidas em discussão, avalia, só atrapalharam o ambiente, pois “trouxeram mais efeitos negativos para a imagem da Petrobrás, ajudaram a derrubar a bolsa brasileira e sustentaram o cenário de incertezas que atrapalha os investimentos.