Até parece que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, queria mesmo um gaúcho no comando da Petrobras. Só trocou um gremista por um colorado.
Convidou Décio Oddone, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que não topou, e agora indica oficialmente o gaúcho Marcio Weber para a presidência do conselho, com José Mauro Coelho para a presidência-executiva da empresa (veja a nota clicando aqui).
Albuquerque passou a quarta-feira (6) afirmando que a assembleia-geral que definirá o novo comando, marcada para a próxima quarta-feira (13), estava mantida. No início da noite, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou oficialmente as duas indicações. Foi a solução "caseira" possível diante da pressão do presidente Jair Bolsonaro para produzir uma solução que não exigisse pedir ao atual presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, para esticar sua permanência no cargo.
Weber já integra o conselho de administração da Petrobras. Entrou para o colegiado no ano passado, quando houve a troca de Roberto Castello Branco por Silva e Luna. É formado em Engenharia Civil pela UFRGS, mas está há anos fora do Rio Grande do Sul. Antes de entrar para o conselho, era diretor da Petroserv, uma fornecedora de sondas para a Petrobras. Entrou na estatal ainda em 1976, e chegou à direção da subsidiária Braspetro. Nessa condição, chefiou a representação da estatal brasileira em Tripoli, na Líbia.
Em 2021, a entrada de Weber no conselho não ocorreu sem polêmica. Ele chegou a ter o nome rejeitado, por ser ligado à Petroserv, uma fornecedora da Petrobras - o recorrente problema do conflito de interesses. Na época, argumentou que não havia prestado serviço diretamente à estatal. O problema foi superado, mas pode reaparecer, já que agora o cargo tem mais responsabilidade.
José Mauro Coelho completa a fórmula caseira de Albuquerque: foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, até outubro do ano passado. Até 2020, atuava na diretoria de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), também ligada ao governo federal. A solução doméstica foi a encontrada diante da dificuldade de convencer executivos de mercado a aceitar o comando da Petrobras nas atuais circunstâncias.
No setor de petróleo, Weber é considerado um executivo com experiência internacional, enquanto Coelho é visto mais como um tecnocrata, sem perfil de executivo. A coluna ficou intrigada, então, porque as indicações não foram invertidas. A tese é de que Albuquerque quis colocar na presidência-executiva uma pessoa mais próxima a ele.