O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A Chainalysis, a principal plataforma global de pesquisa de blockchain e criptomoedas, divulgou o Crypto Crime Report 2022 com um evento online liderado por especialistas da empresa, na quinta-feira (10). Na reunião, foram destacados os principais pontos do relatório, assim como os dados que apontam as tendências específicas do Brasil.
Em 2021, de acordo com o levantamento, as transações ilícitas chegaram a US$ 14 bilhões em todo o planeta, ante US$ 7,8 bilhões em 2020. Apesar dos valores recorde (alta de quase 80%), o montante representa somente 0,15% de todas as transações em moedas criptográficas registradas no período. Desde 2017, aponta o estudo, foram US$ 33 bilhões em moedas criptográficas utilizadas para lavagem de dinheiro, ou seja, 42,4% do total apenas no ano passado.
Nesse contexto, o Escritório das Nações Unidas (ONU) sobre Drogas e Crime estima que o equivalente entre US$ 800 bilhões e US$ 2 trilhões em moedas criptográficas sejam usadas para essa finalidade, anualmente, o que equivaleria a algo próximo de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global.
Outro crime destacado no relatório é o Ransomware, um ataque cibernético que codifica os dados de uma pessoa ou empresa e exige um pagamento em moedas criptográficas para liberar o acesso ao banco de dados.
A maior parte deles são motivados por retribuições financeiras, mas também podem ser motivados por metas geopolíticas. Foi essa a prática responsável por derrubar o sistema do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS), em abril do ano passado, por exemplo.
Desde 2020 foram identificados quase US$ 692 milhões de dólares em pagamentos de resgates. Mas, o crime mais comum na análise do relatório foi o golpe. Em 2021, 7,7 bilhões de dólares em criptomoedas foram tirados das vítimas em todo o mundo. Isto representa um aumento de 81% desde 2020, um ano em que a atividade de fraude havia diminuído significativamente em comparação com 2019.
Com base no relatório Cryptocurrency Geography 2021, a Chainalysis constatou que, globalmente, o Brasil está em 14º lugar entre 157 países em termos de adoção de criptomoedas, sendo que na América Latina ocupa a 4º posição, atrás de Venezuela, Argentina e Colômbia. O mesmo estudo concluiu que a América Latina tem a sexta maior economia de moedas criptográficas das oito regiões analisadas, com US$ 352.8 bilhões em recebidas entre julho de 2020 e junho de 2021.
A região também é responsável por aproximadamente 9% de toda a atividade transacional global. Estes números, segundo aponta Magdiela Núñez, Gerente de Marketing de Parceiros Globais da Chainalysis, são apenas um pequeno resumo do potencial do país para a adoção de moeda criptográfica e tecnologia Blockchain. A tendência, diz, se reflete nas discussões em andamento em esfera federal sobre a regulamentação e a criação de uma nova moeda nacional criptográfica.