Especulação que contribuiu para azedar o humor do mercado financeiro no Brasil, o debate sobre um aumento temporário do Auxílio Brasil é uma espécie de derivado da alta do petróleo.
Seria uma alternativa a ser proposta ao presidente Jair Bolsonaro para amenizar o impacto do mega-aumento dos combustíveis onde é mais dramático: nas camadas de menor renda.
A ideia configuraria uma opção para satisfazer a disposição de Bolsonaro de compensar de alguma forma o desgaste de imagem trazido pelo reajustaço. O argumento já havia sido usado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao justificar o reforço no programa social no ano passado.
Seria uma proposta considerada "focalizada", expressão usada na gestão pública para designar políticas públicas dirigidas para o público mais necessitado. Teria surgido em oposição à tendência de Bolsonaro de isentar a gasolina de tributos federais, o que tem rombo estimado em R$ 27 bilhões na arrecadação da União.
Ao chegar ao conhecimento do mercado financeiro, fez o dólar subir e a bolsa cair por seu potencial de agravar o já delicado quadro fiscal do Brasil, porque significaria mais gasto público. Mas depois de "fazer preço" na véspera — talvez por isso mesmo —, o suposto aumento do Auxílio Brasil, que seria temporário, começa a ser desmontado pelo Planalto.
A versão que circula no mercado nesta terça-feira (15) é de que Guedes teria perguntado internamente se seria melhor abrir mão de quase R$ 27 bilhões em tributos para "melhorar a vida de donos de automóveis" ou usar esse mesmo dinheiro para reforçar o Auxílio Brasil nesse momento em que os alimentos também sobem dramaticamente.
Com a reversão de parte da alta do petróleo, já negociado abaixo de US$ 100, a tese de Guedes ganha força: evitar medidas que tenham custo elevado e reagir aos efeitos da guerra de forma pontual. Então, não deve ocorrer aumento do Auxílio Brasil no curto prazo, mas caso a situação se complique, terá a preferência do ministro — se ele conseguir convencer o "chefe".