O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A Argentina arde em chamas. Focos de incêndio que se alastram por cinco províncias chegaram às cidades que fazem divisa com o Brasil. Em São Borja, na fronteira com Santo Tomé, o sábado foi marcado por uma nuvem que trazia não a aguardada chuva para amenizar a estiagem que castiga os campos, mas sim as cinzas dos mais de 800 mil hectares já devastados pelo fogo no país vizinho.
Para se ter uma ideia da proporção, a gaúcha SLC Agrícola, um dos maiores grupos nacionais de agricultura, possui 660 mil hectares de terra em 22 fazendas de sete Estados brasileiros. Na Argentina, além de perda ambiental incalculável, foi decretada situação de emergência agropecuária.
Força-tarefa do governo do Estado, tendo São Borja como base, enviou um grupo de bombeiros que se juntam aos 2,6 mil homens que combatem as chamas na outra margem do Rio Uruguai. Um gesto que teria motivos de sobra para ser ampliado.
É que até o momento, o governo Federal não dedicou uma linha sequer ao tema. Contingentes do Exército poderiam se somar aos esforços já disponibilizados.
Afinal, não bastasse o apelo humanitário e diplomático de socorrer um vizinho em apuros, os US$ 11,8 bilhões referentes a participação do terceiro maior parceiro comercial do país em 2021 – atrás apenas da China e dos Estados Unidos – deveriam servir de incentivo. Será que não?