Afetado depois do início das restrições que ajudaram a combater o coronavírus, o segmento de reciclagem de plástico virou o jogo e fechou 2020 com aumento de volume em relação ao ano anterior. As recicladoras receberam 1,4 milhão de toneladas no país, expansão de 5,8%.
Conforme dados regionais do relatório da consultoria MaxiQuim, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul foram os Estados que mais avançaram na produção de resina pós-consumo (PCR), feita a partir de plástico reciclado. A região ficou no segundo lugar no ranking geral, atrás do Sudeste.
Apesar dos problemas com a coleta seletiva de lixo em Porto Alegre, a produção de resina reciclada avançou 6,6% na Região Sul ante 2019, para 241.326 toneladas. O percentual é superior à média nacional, que avançou 5,5%. O Rio Grande do Sul tem o segundo lugar no ranking de Estados que mais produziram a partir de reciclagem em 2020, com 97.339 toneladas. Solange Stumpf, sócia da MaxQuim e responsável pelo estudo, explica que a resina reciclada é matéria-prima para outros itens, de vassouras a novas embalagens.
— No primeiro ano de pandemia, todo o processo de reciclagem foi afetado, desde os coletores até as cooperativas. Muitas tiveram de fechar. Aos poucos, foi voltando, até chegar ao limite de produção, porque as pessoas continuaram gerando materiais recicláveis —afirma Solange.
Como ficaram mais em casa, as pessoas produziram mais resíduo pós-consumo doméstico. Solange cita como exemplo as compras por delivery. A entrega usa volume maior do que o habitual de embalagem, que representa 62,3% do volume total reciclado em 2020. A empresária destaque que as práticas ESG (sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental), que têm crescido nas empresas, também contribuem para o crescimento da reciclagem.
— As empresas têm metas para o volume de embalagens que deve ser reciclado. Os compromissos são de reduzir o máximo possível em benefício da sociedade. A reciclagem se encaixa perfeitamente ao ESG, pois o ecossistema gera impacto na sociedade e no ambiente.
O relatório tem base em dados do Plano de Incentivo à Cadeia de Plástico (PICPlast), desenvolvido por Braskem e Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). Os dados deste ano ainda não estão fechados. Uma nova pesquisa deve ser publicada no ano que vem. A coluna espera que a projeção de Solange se confirme.
* Colaborou Camila Silva