No esforço de fazer de conta que não tem qualquer relação com a disparada do preço dos combustíveis, enquanto força a aprovação de medidas que fazem o dólar subir, Jair Bolsonaro passou dias falando em privatizar a Petrobras.
Como a empresa tem ações negociadas em bolsa, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu processo administrativo para apurar o que há de verdade sobre uma eventual venda de ações da petroleira.
Nesta sexta-feira (5), em resposta à CVM, a Petrobras divulgou nota em que afirma ter consultado "seu acionista controlador" diante de "notícias divulgadas na mídia" sobre "existência de informações que devessem ser divulgadas ao mercado". E avisa que o Ministério de Minas e Energia desmente o presidente:
"Em comunicação encaminhada em 03/11/2021, o Ministério das Minas e Energia (MME) respondeu à consulta afirmando não ter conhecimento da existência de qualquer decisão, ato ou fato relevante da União Federal que deva ser comunicado à Petrobras para subsequente divulgação ao mercado".
Acrescenta, ainda, que "o Ministério da Economia (ME) encaminhou comunicação formal informando não haver fato relevante a ser comunicado ao mercado pela União neste momento ou recomendação de inclusão da desestatização da Petrobras no Programa de Parcerias de Investimentos e que não há estudos ou avaliações em curso que tratem do tema no âmbito da Secretária Especial do Programa de Parcerias de Investimentos do ME".
Então, era mesmo terreno na lua. Agora, esperando pela próxima desculpa para a inação.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.