Para Jair Bolsonaro, a Petrobras só "dá dor de cabeça". Isso, e mais algumas dezenas de bilhões. No final da tarde desta quinta-feira (28), a companhia informou ao mercado que vai pagar mais R$ 31,8 bilhões em dividendos no terceiro trimestre. Como já havia antecipado R$ 31,6 bilhões no segundo, pagará em seis meses R$ 63,4 bilhões a seus acionistas.
Em um cálculo aproximado, a União deve receber cerca de R$ 23 bilhões, quase meio Auxílio Brasil, estimado em R$ 51,1 bilhões em 2022.
O comunicado dos dividendos saiu antes do anúncio dos resultados do terceiro trimestre. Em seguida, foram divulgado lucro líquido de R$ 31,1 bilhões de julho a setembro. Só que, em vez de subir com o resultado multibilionário, os papéis da estatal desabaram no chamado "after market", que reflete negociações baseadas em ações da Petrobras no Exterior.
Por que? Porque, de novo, Bolsonaro ameaçou com intervenção na estatal:
— Não é justo viver em um país que paga tudo em real, ter o preço combustível atrelado ao dólar. A Petrobras é obrigada a aumentar o preço porque ela tem que seguir a legislação e nós estamos tentando aqui buscar uma maneira de mudar a lei nesse sentido.
A Petrobras só vai detalhar os resultados na sexta-feira (29), em reuniões com analistas de mercado e entrevista a imprensa. Um dos pontos a esclarecer é o valor antecipado em dividendos, que já havia provocado polêmica no trimestre passado.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.