Nos últimos meses, duas empresas que atuam no Estado (Lojas Renner e Laboratórios Weinmann) sofreram nas mãos de hackers.
Para entender melhor o cenário que resultou nesses ataques, a Netfive, consultoria de TI com foco em segurança da informação, fez um estudo e concluiu que 70% das empresas consultadas apresentam fragilidade na área.
Realizado em junho deste ano, o levantamento envolveu uma centena de empresas gaúchas de médio e grande porte. Ou seja, o volume significa que sete em cada 10 companhias têm pelo menos três fatores que representam riscos ao negócio.
Segundo CEO da Netfive, Henrique Schneider, essas ameaças precisam ser monitoradas constantemente e exigem a adoção de medidas técnicas e organizacionais
que reduzam o risco a níveis aceitáveis:
— Os relatórios internacionais mostram que os ciberataques estão entre as ameaças mais preocupantes para as empresas, e trabalhar para reduzi-los é investir na manutenção do negócio.
O estudo revelou outro dado preocupante: em cada 20 empresas do Estado, uma apresenta algum tipo de vulnerabilidade com alto poder de dano e de fácil exploração. Além disso, 30% das empresas que participaram do estudo admitiram saber que já foram vítimas de ataque cibernético.
— É possível que a organização ainda não tenha detectado ou que o ataque não tenha causado interrupção nos serviços, como, por exemplo, um vazamento de dados. Esse número, infelizmente, tende a aumentar —aponta Schneider.
Segundo relatório do portal Information is Beautiful, que reúne informações sobre ataques de ransomware sofridos por empresas do mundo, em 2020, o número de crimes foi quatro vezes maior do que no ano anterior. Já para 2021, a tendência é que esse número dobre até dezembro. Por outro lado, o estudo apresentou dados positivos. Entre as empresas citadas, 66% fazem gestão de risco e 53% afirmaram ter plano de resposta a incidentes.
Na quarta-feira (1º), o Panorama de Ameaças 2021 da Kaspersky, levantamento anual feito pela equipe de pesquisa e análise da empresa na América Latina, mostrou aumento de 23% dos ciberataques no Brasil nos oito primeiros meses de 2021, em relação com o mesmo período do ano anterior. Conforme os profissionais da empresa, a segurança do trabalho remoto precisa ser levada a sério, e a pirataria deve ser removida das casas e ambientes empresariais.
Falta de profissionais preocupa
Em recente entrevista à coluna, Jeane Tsutsui , presidente do Grupo Fleury, dono do Weinmann em Porto Alegre, afirmou que a empresa já investia em segurança da informação e, por isso, conseguiu manter sua base de dados após o ataque, com auxílio de uma consultoria especializada. Jeane citou ainda que o aprendizado do episódio foi " investir
de forma contínua em segurança da informação".
Neste sentido, segundo o levantamento feito pela Netfive, um dos fatores que contribuiu para a vulnerabilidade da empresa é a ausência de profissionais especializados no assunto.
— Acreditamos que a falta de profissionais e processos entre TI e segurança da informação podem ser os fatores causadores do alto número de vulnerabilidades detectada — afirma Schneider.
Conforme dados do estudo Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação, estima-se que, até 2031, o Brasil terá 15,2 mil mil profissionais de segurança cibernética, enquanto a demanda será de 83 mil. Ou seja, uma lacuna de 81,7%.
* Colaborou Camila Silva