O Uber é algo novo, sob a perspectiva histórica, mas no mundo disruptivo da inovação a corrida sempre é pela "next big thing", ou seja, a próxima novidade.
O aplicativo de mobilidade entranhou-se na vida das pessoas e emprestou o nome para designar um tipo de relação de trabalho, que por um lado, é informal, flexível e com atuação sob demanda e, por outro, não tem emprego formalizado nem garantias, em que o prestador do serviço fica com a maior parte dos riscos.
Essa é a chamada "uberização do trabalho", que preocupa especialistas em emprego e causa inquietação por apontar uma tendência no mercado de trabalho. Na contramão desse movimento, em maio a Espanha passou a considerar assalariados os entregadores de delivery, inclusive do Uber Eats.
No entanto, já está em curso um substituto do Uber que pode ser ainda pior, do ponto de vista da geração de renda para seres humanos. Na terça-feira (24), a Waymo, empresa da Alphabet, ou seja, "irmã" do Google, passou a transportar passageiros em SUVs autônomas (sem motorista) em San Francisco, na Califórnia.
A projeção da empresa é de oferecer robotáxis para qualquer pessoa dentro de três anos. Essas primeiras experiências são feitas com um operador, que se senta no banco do motorista e fica com as mãos nos joelhos, mas pode assumir o volante em caso de emergência. O plano é evoluir, em futuro próximo, para um serviço de transporte sem motorista.
Esse tipo de avanço tecnológico tende a se estender para outras atividades. Com o plano de táxis autônomos da Tesla atrasado, o bilionário Elon Musk mostrou, na semana passada, o Tesla Bot, um robô humanóide projetado para eliminar "tarefas chatas, repetitivas ou perigosas". Um dos exemplos citados por Musk foi "ir ao mercado comprar mantimentos", outra atividade absorvida atualmente pelos aplicativos — com pessoas envolvidas.
Musk é polêmico, conhecido por mostrar protótipos muito antes de o produto de fato estar disponível, mas o Tesla Bot e os carros da Waymo aumentam a pressão por criar uma alternativa para os trabalhadores que vão substituir, daqui a pouco ou em futuro próximo.