A pandemia fez a obra atrasar, mas a inauguração do Hospital Humaniza, do CCG Saúde (antes conhecido como Centro Clínico Gaúcho) está marcada para o próximo dia 14. O atendimento a pacientes começa no dia seguinte, 15 de junho.
O primeiro hospital privado construído do zero em quase 40 anos em Porto Alegre terá capacidade de 200 leitos clínicos, 20 de UTI, 10 salas cirúrgicas, 30 leitos de observação e emergência 24 horas em todo o subsolo do prédio na Rua Ramiro Barcellos, quase na esquina da Avenida Cristóvão Colombo. Foi implantado sob consultoria do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Às vésperas da abertura do Humaniza, a coluna conversou com dois dos sócios fundadores do CCG Saúde, Fernando Vico da Cunha e Francisco Antônio Santa Helena, presidente do conselho de administração do CCG Saúde. Segundo os sócios, o investimento de R$ 100 milhões no hospital tem origem em um aporte de R$ 180 milhões feito na empresa gaúcha pelo fundo Kinea em 2019.
A operação vai começar de forma gradual: no dia 15, estarão funcionando quatro das 10 salas cirúrgicas, 10 dos 20 leitos de UTI, 80 dos 200 leitos clínicos. Já foram contratados 200 das 900 profissionais que vão atuar no Humaniza. Segundo Vico da Cunha, a expectativa é alcançar capacidade total em meados de 2022:
— A demanda hospital do CCG hoje na rede gira ao redor de 130/140 leitos, que serão rapidamente ocupados por nossos usuários.
Conforme Santa Helena, o Humaniza coroa a estratégia de verticalização do CCG, empresa de planos de saúde que ainda em 2019 abandonou o modelo americano, baseado em remuneração por serviço, para o inglês, de medicina de valor. Isso significa acompanhar os clientes com ações preventivas e prover todos os serviços, de clínicas de consultas — como a aberta no ano passada, na Avenida Alberto Bins —, passando por exames e agora chegando ao hospital.
— Com o conhecimento de saúde que acumulamos, e diante da necessidade de hospitais em Porto Alegre, avançamos. Toda operadora de saúde tem de ser verticalizada, em termos de custo na saúde, e aplicamos nossos princípios de acolhimento e atendimento ético e humano para os pacientes — diz Santa Helena.
Segundo Vico da Cunha, a pandemia e seus desdobramentos atrasaram a obra em sete meses. Foi preciso parar a construção por decreto municipal, houve problemas na obtenção de equipamentos hospitalares, com a necessidade criada pela covid-19, e ainda houve dificuldade com materiais de construção como aço e cobre.
— Como há muito trânsito de gases em ambiente hospitalar, instalamos uma longa tubulação de cobre, mas houve um momento em que não havia cobre à venda. Termostatos e ar-condicionado para os quartos chegaram com atraso de 90 dias — detalha o sócio fundador.
Vico da Cunha afirma que o Humaniza trará "o que tem de mais moderno" em áreas de ponta, como imunoterapia e oncologia. O oitavo andar do hospital será focado no tratamento de câncer, com centro de infusão para pacientes. No início, atenderá apenas a usuários do plano de saúde próprio, mas depois abrirá para convênios com sistemas.
Como o CCG já havia informado à coluna, o plano antes focado nas camadas de renda C e D passou a buscar as faixas A e B. Vinte profissionais do Einstein passaram meses em Porto Alegre para orientar a implantação e a operação. A tecnologia da Philips empregada dispensa papel desde a beira do leito até a gestão.
— De prontuários à prescrição, é tudo eletrônico, o que traz agilidade e velocidade. Os médicos podem discutir a situação do paciente com colegas à beira do leito, com o melhor tratamento disponível — ilustra.
Santa Helena afirma que um os conceito da "medicina de valor" adotada pelo CCG é baixar o custo para os clientes diretos, que são as empresas contratantes dos planos, mas também racionalizar o sistema de saúde para torná-lo mais acessível a todos:
— Quem tem hospital próprio compra insumos e sabe quanto custa um frasco de medicamento. Em alguns casos, o preço é de R$ 50, mas os valores cobrados em certas instituições de saúde chegam a 500% a 1.000% a mais. Com o Humaniza, vamos conseguir fazer medicina de valor, com consultoria do Einstein e tecnologia de ponta. Hoje temos cerca de 1,5 mil colaboradores, com os 900 do hospital vamos a 2,4 mil. Isso nos enche de orgulho, mas também de enorme responsabilidade.