Um dos efeitos mais esperados da troca de presidência na Petrobras, a mudança na política de preços da estatal começou com o gás natural.
Em vez de usar apenas o valor de referência da cotação de petróleo brent, que levou a um reajuste de 39% a partir do último sábado, a estatal começará a alinhar os preços ao mercado internacional de gás.
As elevações de preço do gás natural afetam diretamente os usuários de gás natural veicular (GNV), além de indústrias que optaram pelo fornecimento desse combustível com a promessa de redução de custos. Em nota, a estatal informou nesta segunda-feira (3), que adotará uma alternativa "com menor volatilidade, sem abrir mão do alinhamento com os preços internacionais".
Na venda de gás natural às distribuidoras, o novo modelo será indexado aos preços do Henry Hub, que apresenta como referência para projetos de liquefação nos Estados Unidos. Liquefação é a forma mais usual de venda desse combustível: o gás é extraído e transformado em líquido, por meio de pressão e temperatura, para facilitar o transporte.
Embora comece a ser aplicado pela nova diretoria, os estudos para adoção dessa forma de cobrança, conforme a empresa, haviam iniciado em 2020. Conforme a Petrobras, estão sendo aplicados agora porque estão terminando os prazos de contratos de fornecimento. Ainda conforme a nota da petroleira, há expectativa de uma "nova dinâmica concorrencial com a perspectiva de aceleração da abertura do mercado de gás natural".
Essa "nova dinâmica concorrencial" levou o ministro da Economia, Paulo Guedes, a projetar redução de 30% do preço do gás natural no Brasil. Desde então, nos dois últimos trimestre, o aumento acumulado médio nas refinarias chega a 73%. Até agora, nova diretoria da Petrobras já surpreendeu o mercado com uma redução quase simbólica no preço da gasolina (1,9%), e um tarifaço no valor do asfalto.