Era só o que faltava: o surgimento de uma mutação do coronavírus com capacidade de contágio 70% maior. Na peculiar "lógica" dos vírus, essa se espalha mais e mata menos, mas já provoca estragos na economia real e no mercado financeiro. O lockdown parcial no Reino Unido, onde a variante foi identificada, espalhou o medo de que a velocidade da nova forma de contágio seja maior do que a da incipiente vacinação.
Com isso, a bolsa brasileira chegou a cair 2,5%, e fechou com perda menor, de 1,36%, depois que a de Nova York saiu do terreno negativo paras o positivo, para encerrar o dia praticamente estável (0,12%). O que aliviou foi a perspectiva de acordo para o pacote de estímulo de US$ 900 bilhões que prevê US$ 600 para muitos americanos e um reforço de US$ 300 por semana para quem está sem emprego.
Na Europa, o impacto foi maior. Na Alemanha, a queda da bolsa foi de 2,82%, em Milão ficou em 2,57%, e em Paris, 2,43%. Quedas acima de 2% em mercados desenvolvidos já são consideradas atípicas. Voos e viagens de trem paras as ilhas que foram o Reino Unido foram suspensos, reativando temores que haviam sacudido a economia da Europa a partir de fevereiro.
Também como resultado da nova onda de incerteza, o dólar voltou a se afastar dos R$ 5: teve alta de 0,8%, fechando em R$ 5,12. Um pesquisador da Universidade de Leicester, Julien Tang, disse que a nova cepa já circulou pelo Brasil. Talvez agora alguém consiga explicar ao presidente Jair Bolsonaro os motivos pelos quais o país tem, sim, muita pressa para obter uma vacina. No sábado, ele havia afirmado que "pressa para a vacina não se justifica, porque você mexe com a vida das pessoas", porque a pandemia "está chegando ao fim".