Depois de ignorar por semanas que o Brasil não passaria incólume pelo impacto do coronavírus na economia, o Ministério da Economia produziu nesta sexta-feira (20) uma revisão da projeção do Produto Interno Bruto (PIB) que desafia os modelos estatísticos: em vez dos 2,1% previstos até então, anunciou que a atividade econômica no Brasil deve se mover invisíveis 0,02% - ainda para a frente neste 2020, justo quando a produção começa a parar no Brasil.
Em países com mais tradição de traçar cenários do que o Brasil, como nos Estados Unidos, o que se tenta dimensionar é o tamanho do tombo no próximo trimestre — o ano é um desafio muito pesado. Um respeitado banco de investimentos, o JP Morgan, estima que a geração de riqueza despenque 14% no segundo trimestre — abril a junho, exatamente o momento crítico da expansão da pandemia no território americano. Antes, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) havia projetado queda de 6% no mesmo período.
São dois ícones respeitados mundialmente- embora a S&P tenha saído com reputação arranhada da crise de 2008 por ter chancelado papéis de alto risco.
Nem precisava ir tão longe: no mesmo dia, o também respeitado Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV) calculou que a economia brasileira tende a encolher 4,4% neste ano. Se essa conta estiver certa, seria a maior retração desde que o Banco Central começou a calcular o PIB, em 1962. Ao explicar a conta, a FGV pontuou que o custo da pandemia será tão menor quanto mais rápida for a normalização nos principais mercados internacionais e da crise de saúde interna.
Este é o ponto: não há infectologista, economista, adivinho ou nostradamus capaz de prever o tamanho do estrago que o vírus provocará no Brasil. É por isso que cálculos, agora, são inúteis, especialmente se desafiam o senso comum. E é por isso que é tão importante que todos e cada um de nós assuma sua parte na responsabilidade de fazer com que o dano seja o menor possível.
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