Embora o fechamento das negociações de câmbio no Brasil tenha ocorrido poucos minutos depois que a a Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou a situação de emergência de saúde pública internacional decorrente da ao alcance do coronavírus, a cotação do dólar não se acelerou perto do fechamento. Mesmo assim, ao encerrar o dia a R$ 4,26, o dólar alcançou o maior valor nominal da história no Brasil. Superou a máxima anterior, de R$ 4,258, atingida em 27 de novembro passado.
A bolsa brasileira fechou uma hora depois com leve reação de 0,12%, invertendo as perdas da manhã. A virada se deveu ao fato de a OMS não ter recomendado restrições de viagens à China e avaliado que o país teria "situação sob controle".
Os sinais de que os negócios globais podem sofrer forte impacto com a disseminação da doença respiratória provocada pelo coronavírus são crescentes. Na mira dos investidores, estão os impactos já verificados nos negócios, como voos e eventos cancelados, negócios adiados e fábricas na China fechadas por mais tempo do que o previsto.
Como a zona isolada da China, no entorno da cidade de Wuhan, é um centro produtor de novas tecnologias, empresas como Amazon, Apple, Google e Facebook estão sentido impacto mais direto. A Apple estuda adiar seu plano de produção de um novo modelo de iPhone no país asiático. Apple e Google fecharam escritórios até em Pequim, longe da origem da epidemia. Como a dependência de componentes chineses é cada vez maior, governos e empresas começam a preparar planos de contingência em caso de agravamento do cenário atual.
Além do dólar, outros ativos considerados refúgios seguros em períodos de crise, como títulos do Tesouro dos Estados Unidos e ouro, vem se valorizando. Houve quedas acentuadas também nas bolsas de Londres (1,36%), Paris (1,4%), Frankfurt (1,4%) e Milão (1,6%),
que recuaram mais de 1%, do que da Nova York, que tem leve oscilação negativa de 0,29% até agora.
Como a China é a principal cliente do Brasil, absorvendo 28,1% de todas as exportações, com o segundo colocado respondendo por menos da metade dessa fatia – os EUA compram 13,2% do total –, há preocupação adicional por aqui, como mostra reportagem de Leonardo Vieceli. As estimativas sobre as perdas da segunda maior economia do mundo começam a se disseminar. Embora representem apenas desaceleração, dado o tamanho da produção chinesa, podem contaminar a velocidade de crescimento global.