Mentor do Pacto Alegre, o catalão Josep Piqué diz ter "memória digital" de seu envolvimento com o projeto, pelas 627 fotos que armazena da capital gaúcha desde 2015. Responsável pelo projeto 22@, hoje com mais de 90 mil trabalhadores e 8 mil empresas em área revitalizada de Barcelona, Piqué é visto por muitos integrantes da mesa como o dono da palavra final sobre os destinos das iniciativas locais. Recusa o rótulo de forma elegante:
– Não acredito em liderança napoleônica, mas na que é baseada em conhecimento.
Há quase cinco anos, o consultor vem a Porto Alegre a cada seis meses. Embora o projeto ainda esteja na fase de depuração, com inclusão e exclusão de iniciativas, Piqué avalia que a governança da inovação na capital gaúcha está criada:
– A universidade deu condições de desenvolver o método, criou a plataforma. Marchezan (Nelson, prefeito de Porto Alegre) deu um passo ao lado, para fazer de forma conjunta. Começamos a ver a quádrupla hélice (universidades, empresas, governo e sociedade) se mover. As empresas entenderam que, se não comprarem startups, não vai funcionar.
Uma das ambições de Piqué é transformar o Gasômetro em símbolo de inovação de Porto Alegre, proposta incorporada na reunião do Pacto Alegre desta quinta-feira (5). O modelo é o Cibernàrium, de Barcelona, onde se faz capacitação digital da cidadania. Além de unir um ícone da cidade às novas práticas de negócio, dá visibilidade a uma tendência que tem se espalhado, mas ainda não chega a todos, pondera.
Entre as mudanças que o Pacto Alegre já trouxe a Porto Alegre, Piqué cita o Instituto Caldeira, a Nau, e a nova imagem do 4º Distrito. Lembra que todas as iniciativas devem ser construídas nos moldes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
– Ser empreendedor não vai ser uma opção, mas uma necessidade. Se conseguirmos que as crianças sejam empreendedoras, Porto Alegre está salva – afirma, lembrando que, em sua primeira reunião, só ouviu lamentos sobre o futuro da capital gaúcha.
E lembra que toda mudança tem de ser inclusiva, dos pichadores aos não iniciados em cultura digital:
– Se não te vês no espelho, não és sociedade.