Enquanto os brasileiros se adaptam ao aumento de quase 10% no botijão de gás de cozinha (GLP) acumulado no ano, o governo brasileiro tenta para construir alternativa para baixar o custo do uso de uma alternativa nacional: o gás do pré-sal. A Petrobras foi pressionada por órgãos reguladores para permitir aumento de concorrência no transporte do combustível, ao mesmo tempo em que prepara, para o próximo ano, uma grande oferta extraída da costa brasileira. Nos dois casos, o destino principal é a indústria, mas caso seja possível cumprir a promessa de reduzir o custo em até 40%, a tendência é de queda também para o botijão.
Ao anunciar um acordo provisório com o governo da Bolívia para compra de gás natural do país vizinho, na última segunda-feira (30), a Petrobras incluiu um trecho que chamou atenção dos especialistas: "um dos aspectos que está em processo de renegociação entre as partes envolve a expectativa de redução de tal compromisso de volume para 20 milhões de m³/d, permitindo que o excedente seja comercializado diretamente pela YPFB para outros agentes do mercado brasileiro". Isso significa que foi forçada a admitir concorrência no gasoduto que liga os dois países, até agora usado apenas pela estatal.
– Foi uma sinalização positiva, dá ainda mais força para a expectativa do setor. O mercado esperava e precisava desse espaço, que será criado ao longo dos próximos anos. O acordo provisório dá sinais de que o Brasil respeita o compromisso com a Bolívia, mas demonstra que há, de fato, um processo robusto de abertura de mercado – afirma Rivaldo Moreira Neto, diretor da gaúcha Gas Energy.
O volume do combustível deve ganhar reforço já em março de 2021, como relatou à coluna o diretor de Relacionamento da Petrobras, Roberto Ardenghy: a Petrobras vai concluir a construção de um gasoduto de 355 quilômetros, dos quais 307 serão sob o mar, para ligar a área de produção no pré-sal e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Lá, haverá uma unidade para deixar o gás pronto para venda.
– Não é uma mudança rápida, é normal que haja ansiedade no caminho, mas tudo está avançando em velocidade razoável. Em 2016, já houve um acréscimo de entre 18 milhões e 20 milhões de metros cúbicos ao dia. Em 2021, chegará outro tanto. Teoricamente, já teríamos condições de substituir todo o gás que vem da Bolívia. Mas o mais importante não é deixar de importar, é deixar de depender.