Com exceção da alta vertiginosa (12%, perto do fechamento) das ações da Eletrobras, o anúncio da privatização de pelo menos 17 estatais havia sido recebido sem muitas paixões. A lista que circula no mercado tem como estrelas Correios e a própria Eletrobras, empresas em dificuldades sobre as quais há menos controvérsia. No meio da tarde, porém, um relato do serviço especializado para o mercado financeiro do jornal Valor Econômico deu conta de que a equipe econômica pretende colocar a Petrobras à venda até o final do atual governo. Foi quase automático: as ações da companhia acentuaram a alta, que chega a quase 7% meia hora antes do fechamento do mercado.
Na noite anterior, o ministro Paulo Guedes havia feito uma de suas frases de efeito em um evento empresarial:
– Tem gente grande que acha que não vai ser privatizado e vai entrar na faca.
Diante da lista que circulava com pouca "gente grande" inesperada, a frase havia ficado um tanto sem sentido. A privatização da Petrobras não pode ser um tema tabu, mas a simples menção vai aumentar as resistências ao pacote como um todo. O plano de desestatização do governo Bolsonaro, que poderia ter começado a trafegar em ambiente menos tenso, vai ganhar octanagem. A estatal já conduz um plano para sair do controle de oito refinarias, entre as quais a Refap, de Canoas. Ao fazer o aceno antes da hora, o Ministério da Economia contratou um processo mais conflituoso do que poderia ter de enfrentar.