Polêmica entre ambientalistas e com dúvidas sobre a viabilidade econômica do projeto, o polo carboquímico gaúcho exige investimento de US$ 2,5 bilhões. O projeto prevê queima de carvão para produção de gás natural sintético (GNS). O mercado desse combustível são indústrias. A finalidade não é abastecer usinas térmicas, destinação mais usual. O primeiro passo, a licença ambiental para minerar carvão entre Eldorado do Sul e Charqueadas, região metropolitana de Porto Alegre, ainda é alvo de forte oposição. O segundo, que seria a capacidade de concorrer no mercado com o gás a ser produzido no local, foi motivo de questionamento depois do anúncio do plano federal para reduzir o preço do combustível. A previsão de tempo do Planalto para que o custo do gás do pré-sal caia até 40% é quase o mesmo estimado para conclusão do projeto no Estado, por volta de 2024.
Outro ponto de interrogação sobre o ambicioso projeto é quem vai bancar o investimento que corresponde, a valores de hoje, a R$ 9,4 bilhões. Segundo o diretor de novos negócios da Copelmi, Roberto Faria, a mineradora tem um memorando de entendimento com a americana Air Products, fornecedora de oxigênio e outros gases para consumo industrial, para que financie a maior parte do aporte.
Ajudariam a viabilizar o negócio, ainda, o fundo de investimento Clai Fund, formado entre Brasil e China, e China Development Bank (CDB).O fundo é resultado do acordo de um agente de investimento chinês, China-LAC Industrial Cooperation Investment Fund, com com a Secretaria Especial de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. O CDB é uma espécie de BNDES focado no financiamento de exportações de equipamentos do país asiático. Faria admite que o programa federal embute um novo cenário no mercado nacional de gás, mas pondera que o projeto pretende competir com gás natural liquefeito (GNL) importado, não com o gás brasileiro do pré-sal, foco do "choque de energia barata" que o Planalto ambiciona. O empresário pondera que o futuro do projeto depende da garantia de que haverá mercado para gaseificação de carvão no país.