Primeiro resultado concreto de iniciativas como o Aliança para Inovação e o Pacto Alegre, o Instituto Caldeira da Inovação planeja iniciar suas atividades até abril de 2019. Com nome e local definido, já tem apoio de grandes empresas locais, como Lojas Renner, Panvel, RBS, Agibank, Fundação AJ Renner, StartSe, Banco Topázio (leia-se Ernesto Correa da Silva, de Intercity, Saque e Pague). A fase 1 do empreendimento vai ocupar 12 mil metros quadrados no DC Navegantes. O espaço inclui a antiga caldeira da indústria têxtil AJ Renner, que já foi palco para restaurantes e casas noturnas (daí o globo espelhado que ainda resiste).
Mais do que um cenário curioso, o local resume um dos pilares do instituto: fazer a ponte entre empresa tradicionais e startups capazes de traçar os caminhos da inovação. O grande espaço será destinado a abrigar negócios de futuro, com a promessa de custo baixo - basicamente, o valor do condomínio. A reforma começa em janeiro, com prazo de três meses para conclusão.
– É um símbolo que ficou e ajudou a definir o nome do instituto. Cheguei a trabalhar na área têxtil da AJ Renner, que usava o vapor produzido na caldeira para passar as peças – relata Frederico Renner Mentz, bisneto de Antônio Jacob Renner, o "AJ", fundador da indústria que deu origem à atual gigante de varejo e um dos responsáveis pelo passado industrial do 4º Distrito cuja contribuição econômica para o Estado e a cidade o instituto quer ajudar a recuperar.
Mentz assumiu informalmente, por ora, uma das funções executivas da entidade. Prepara para meados de janeiro a formalização do conselho, formado por representantes das empresas que se tornarem as pioneiras da constituição do instituto, por meio de doações.
– O conselho vai eleger seu presidente e definir os executivos. Provavelmente serei um deles, vai depender dos fundadores. Nesse momento, estamos atuando com um comitê informal – explica, sobre seu papel no instituto.
Além de aproximar o tradicional e o novo, os outros dois focos da entidade são a formação e a retenção de talentos locais, para frear a 'fuga de cérebros' da cidade e do Estado e atrair startups de fora do Rio Grande do Sul e do Brasil. Mentz revela que uma lawtech (especializada na área legal) da Rússia já visitou as instalações e estuda instalar uma unidade em Porto Alegre.
– Entrar no mercado gaúcho por essa via, que está associada a grandes empresas locais, é um atrativo – reforça o empresário.
Entrar no mercado gaúcho por essa via, que está associada a grandes empresas locais, é um atrativo.
FREDERICO RENNER MENTZ
Empresário
O terceiro pé do Caldeira é social, pactado com a prefeitura: serão organizados hackatons (maratonas com desenvolvedores de sistemas digitais) para apresentar sugestões para resolver problemas de gestão pública.
Segundo Mentz, não há pressão sobre os atuais ocupantes de lojas no DC Navegantes, porque há muito espaço disponível para as startups, que passarão por curadoria para garantir sua presença. Mas não descarta uma transformação no futuro:
– Assim como era uma espécie de outlet no início, e virou um shopping de decoração, ao longo do tempo deve começar uma transformação para um centro de inovação. É uma nova vocação que deve se espalhar. Mas vai acontecer aos poucos. Temos muito espaço livre, sem precisar desalojar ninguém.