Credita-se à antiga amizade com o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, a indicação do dono da Localiza, Salim Mattar, para a secretaria de privatizações, ainda a ser criada. Deve comandar o mais ambicioso programa de venda de estatais da história do Brasil, a se confirmarem os planos do presidente eleito Jair Bolsonaro, inpirados por Guedes.
É a indicação para a equipe econômica mais impactante desde a oficialização de Joaquim Levy como futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Também é um pouco da estratégia oposta: se Levy representava a chegada de um profissional com experiência em gestão pública, para compensar a deficiência de Guedes nesse quesito, Mattar é um empresário conhecido por suas posições extremadamente liberais.
Foi inspirador e financiador de centros de difusão dessas ideias, como o Instituto Liberal e o Millenium. O nome do órgão que Mattar deverá comandar será Secretaria de Desestatização, Desinvestimentos e Desimobilizações. É bom prestar atenção aos prefixos: "des". Desfazer e desmontar serão dois verbos que o empresário mais vai conjugar.
Extremamente respeitado por ter transformado a Localiza na maior empresa de aluguel de carros da América Latina, hoje com valor de mercado de R$ 18 bilhões, vai enfrentar muitas resistências. Além de vender "estatais usadas", será sua responsabilidade enxugar quadros de servidores, possivelmente antes de levá-las a leilão. Vai precisar de lábia de vendedor.