Um indicador de turbulência longe do controle do Banco Central (BC) e do Tesouro Nacional, o risco Brasil disparou mais de 35% só em junho. O nível em pontos do Credit Default Swap (CDS) do Brasil recuou ontem para 273,2. Esse papel é considerado uma espécie de seguro contra o calote da dívida soberana (dos governos de países). Quando sobe, representa que esse seguro tem maior procura e, consequentemente, representa a avaliação de que o risco cresceu. Os CDS também são instrumento especulativo – foram um dos principais detonadores da crise financeira global de 2008.
A medida de risco do Brasil é uma das mais elevadas, mesmo entre os emergentes mais visados. Além da pontuação estratosférica da Venezuela (72 mil), só a Turquia aparece com nível mais alto (329).
A Argentina não está mapeada na fonte dos dados. A título de referência, o menor patamar é da Noruega, com 10,6. Ou seja, a situação o Brasil seria 20 vezes pior do que a do país nórdico, conforme investidores internacionais.
O mais impressionante é que o nível atual superou rapidamente o teto anterior, atingido há 13 meses, em 19 de maio de 2017, dois dias depois do Joesley's Day. Na época, a delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, da JBS, ameaçava até a estabilidade da Presidência da República. Embora a situação de Michel Temer não tenha melhorado, não há um fato de tamanho impacto que justifique uma alta tão acentuada nos CDS do Brasil, a não ser o incerto cenário eleitoral. O quadro externo foi o que mais mudou, com alta no juro americano, acirramento da guerra comercial nos Estados Unidos.