Nascida em Porto Alegre, a Agiplan primeiro virou banco e agora quer se tornar uma fintech, um movimento inesperado e inusual. Neste sábado (20), uma grande reunião vai marcar a mudança de marca, para Agibank, e o início do processo de internacionalização, com a abertura de um escritório no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), assim como a formação de um conselho formado por Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda, Osvaldo Schirmer, ex-diretor da Gerdau, e Ademir Cossielo, ex-diretor do Bradesco. A coluna conversou com Marciano Testa, CEO e fundador do banco, que detalha os ousados planos da instituição.
Nova marca e internacionalização
"Não foi uma decisão fácil, tivemos um ano inteiro de discussões, até porque tínhamos lançado a conta digital com uma marca diferente, Agipag. Agora essa conta vira uma funcionalidade dentro do Agibank, para pagar restaurante, transferir dinheiro. Para traduzir melhor a ideia de banco digital completo e de internacionalização, tínhamos de mudar a marca. Vamos abrir, ainda no primeiro trimestre, a primeira operação internacional, na Califórnia, Vale do Silício. Vamos oferecer a mesma transferência de recursos por celular, como é feita aqui, entre Brasil e Estados Unidos, até pela quantidade de brasileiros que vivem por lá. Nosso foco serão pequenas transferências, limitadas a R$ 3 mil em um primeiro momento. Esse fluxo é bilionário, queremos ter uma fatia desse mercado de transações 100% digital".
De banco a fintech
"Costumo dizer que somos uma empresa de tecnologia com licença bancária. Todas as soluções tecnológicas são desenvolvidas internamente. Mais de 60% do pessoal é de tecnologia. Entendemos que esse é o futuro. Mantemos a cultura de startup mesmo tendo o tamanho que o banco tem hoje. Queremos terminar 2018 com R$ 2,5 bilhões de ativos e receita de R$ 1,8 bilhão. Mesmo assim, queremos ser uma startup, uma fintech. Atuamos com times e esquadras, que chamamos de tribos e esquadras, no processo de construção das nossas soluções, que é um modo moderno de fazer gestão. Trouxemos do Spotify, da Amazon. Não temos hierarquia definida. Isso gera a possibilidade de construção de soluções muito mais rápidas".
100% digital
"Fizemos um primeiro estágio no ano passado, o lançamento de uma conta digital. A partir de segunda-feira, vamos evoluir. A ideia é se tornar 100% digital. É o conceito omnichannel (todos os canais), multicanalidade. Será possível abrir conta, movimentar dinheiro, usar cartão de débito, crédito, tudo por celular. Ampliamos o leque de produtos. O cliente vai poder usar todos os ATMs (caixas eletrônicos), de todo o mundo, para movimentar sua conta. Também poderá fazer aplicações, investimentos, pagar todas as contas de consumo. Vai ser um banco de relacionamento digital completo".
Agências físicas
"Tudo vai estar na mesma plataforma. Depois o cliente pode operar essa conta pelo internet banking, pelo celular, pelos ATMs. Vamos continuar expandindo a rede. O objetivo é chegar a mil pontos no Brasil, porque entendemos que, em se tratando de Brasil e América Latina, ainda é preciso fazer esse contato físico, inclusive para incluí-lo no digital banking. Não vamos competir com Nubank, Original, por jovens das classes A e B. Queremos ser o banco digital da inclusão financeira, vamos nos posicionar nas classes emergentes".