Se há um setor que promete não morrer de tédio neste final de ano no Estado, é o de energia. Com bilhões de reais em jogo. Afastado desde 2014 dos leilões do governo federal, o carvão vai voltar à disputa. E com dois projetos no Rio Grande do Sul no páreo.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou terça-feira o edital do certame marcado para 20 de dezembro. Veio com patamares de preços razoáveis para as térmicas movidas pela riqueza mineral mais abundante do Estado, de R$ 329 o megawatt/hora (MWh).
— Ficou dentro de intervalo de preço competitivo para as usinas — diz Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), acrescentando que seria um valor relativamente próximo do último projeto do Estado a passar em leilão, incluídas correções da inflação e variações do câmbio.
Agora, a corrida é contra o tempo para as últimas negociações com os investidores. Mas também é preciso o BNDES ser mais claro em relação à sua política de financiamento a projetos a carvão, lembra o executivo, referindo-se à decisão tomada pelo banco de fomento, ano passado, de não mais apoiar empreendimentos do gênero.
No Estado, duas usinas estão cadastradas para o leilão. Mas ainda precisam passar por uma próxima etapa, a de habilitação, para tentarem vender a energia. Uma delas é o projeto Ouro Negro (600 MW), em Pedras Altas, orçado em R$ 3,5 bilhões, e a outra é a Pampa Sul II (340 MW), em Candiota, onde a primeira fase está em construção.
— A lista dos projetos habilitados deve sair dia 4 de dezembro — adianta o superintendente de projetos de geração da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral.
Há ainda a expectativa quanto à decisão da Aneel, nos próximos dias, sobre o recurso que tenta reverter a cassação da outorga da usina termelétrica de Rio Grande, a gás, um investimento de R$ 3 bilhões. Hoje, de forma mais protocolar, no Palácio Piratini, a Eletrosul e a chinesa Shanghai Electric assinam o repasse do controle para o grupo asiático do projeto de construção de 1,9 mil quilômetros de linhas de transmissão e diversas subestações. A empreitada vai exigir um aporte de cerca de R$ 3,9 bilhões.