O resultado do IPCA anunciado na manhã desta quarta-feira (6) aumenta a expectativa de que o Banco Central (BC) anuncie, logo mais no final da tarde, um corte de ao menos um ponto percentual no juro básico. Se até saber que a média de preços subiu 0,19% em agosto os analistas concentravam suas apostas na redução da taxa de referência de 9,25% para 8,25%, agora essa perspectiva virou piso. O Comitê de Política Econômica (Copom) do BC não surpreenderá se for ainda mais ousado.
Esse Brasil que ensaia a saída da recessão vive uma nova etapa de desequilíbrios, compatíveis com os de um país profundamente perturbado, tanto pela crise que ainda provoca impacto quanto pela corrupção que rói não só recursos públicos mas a confiança de investidores e consumidores. E mesmo diante de um teimoso e crescente déficit fiscal, consolida-se a expectativa da mínima histórica no juro. Embora a média das previsões situe o juro em 7,5% no final do ano, o grupo das instituições que mais acertam as projeções já desceu para o patamar de 7%.
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Quem vê mais longe adverte: a festa da mínima histórica, como ocorreu no passado recente, pode não durar. Analistas que olham o longo prazo veem grandes possibilidades de alta do juro ao longo de 2018. A causa é exatamente o desequilíbrio das contas públicas, que não contribui para manter a expectativa de crescimento sustentável para o país. O corte de hoje vai provocar grande revisão nas estratégias de investimento, mas é bom optar por alternativas que tenham porta giratória.