A coluna já havia explorado o tema quando o que escandalizava o Brasil era uma reles mala recheada com R$ 50o mil. Agora que a Polícia Federal descobriu
R$ 51.030.866,40 – os centavos são provenientes da conversão para reais, as quadrilhas de Brasília ainda não arrecadam moedas –, o problema mudou de escala. E a lista foi atualizada, antecipando a seção Dinheiro e Diversão nessa véspera de feriado para mostrar que, ao menos na ficção, lidar com grandes volumes de dinheiro vivo quase sempre é sinônimo de encrenca. Ao menos na ficção, invariavelmente acaba mal.
Narcos (2015)
Impossível não pensar nos esconderijos de dinheiro de Pablo Escobar em sua versão Vagner Moura diante das caixas e malas depositadas no apartamento em Salvador. Mas também não se pode deixar de reconhecer que a turma de Medellín parecia mais profissional: tinha paredes falsas e escadas móveis que pareciam desenhadas à medida para esconder pilhas de dólares. Eventualmente, uma "carga" apodrecia enterrada em local ermo. Mas só de vez em quando.
Uma Saída de Mestre (2013)
Se guardar R$ 51 milhões e uns trocados já é difícil, imagine roubar um cofre cheio de ouro e transportar por uma grande cidade. É essa a história de um roubo absurdo, que cita um clássico de 1969 (não é um remake). O pior, para todos os brasileiros, é que todo o surrealismo da obra multicultural não supera o espanto com a desfaçatez dos corruptos nacionais.
A Maleta Fatídica (1957)
O protagonista é agredido por dois ladrões de banco, mas acaba ficando com a "maleta fatídica", cheia de dinheiro roubado. Mas aí começa a se desenrolar o enredo inverossímil: ao tentar devolver o produto do roubo, durante o qual aconteceu um assassinato, precisa convencer a polícia de que não tem ligação com os crimes. E ainda é perseguido pelos verdadeiros ladrões.
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Fargo (1996)
Essa comédia de humor negro dos irmãos Cohen marcou tanto o cinema que deu origem a uma série. O roteiro original não é "sobre" mala de dinheiro, mas é essa peça – no caso, enterrada sob grande quantidade de neve, quase um personagem nas duas histórias – que faz a ponte entre o cinema e a série. O filme mostra a conexão entre papéis de "bandidos" e "homens de bem".
Onde os Fracos Não Têm Vez (2007)
A mala com "apenas" US$ 2,5 milhões – no câmbio deste início de setembro, a quantia apreendida do apartamento ligado a Geddel Vieira Lima equivaleria a US$ 16 milhões – encontrada por um ex-soldado depois de uma matança entre bandos rivais no deserto é o gatilho para a aparição de um dos mais espantosos vilões do cinema, Anton Chigurh (Javier Bardem).