Desde o início de 2016, havia especulações de que a Eletrobras estudava a venda de sua subsidiária Eletrosul. Nesta quarta-feira (5), as ações ordinárias da estatal foram as que subiram na bolsa, por conta da informação de que, além da subsidiária do sul do país, a Eletrobras poderá vender outras joias da coroa como Furnas, Chesf e Eletronorte. É mais um sintoma do que se sabe há algum tempo: o sistema elétrico está em crise que, para ser superada, precisa de investimento.
O caminho passa pela apresentação ao Congresso de proposta que permite a privatização de empresas e instalações. O "argumento de venda" da medida seria a divisão do resultado em três partes: União, Eletrobras e consumidores, sob a forma de redução de tarifa. Entre as usinas candidatas a trocar de mãos estariam gigantes como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, além de parques eólicos e linhas de transmissão.
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Furnas, como se sabe, é a empresa onde Eduardo Cunha reinou por muito tempo e contribuiu decisivamente para que o político acumulasse poder. Na formação das usinas gigantes do Norte, além de muita água e cimento, correu muita propina. Haverá, portanto, reação à perda de feudos e fontes de achaque.
Haverá também resistência por outros motivos – não "entregar" ativos nacionais às mais prováveis interessadas pelos ativos energéticos, as estatais chinesas. Quase todas as elétricas estão endividadas e com baixo retorno. Ligar recursos na tomada ajudaria.
É nesse cenário que o governo gaúcho tenta ganhar tempo para não ter de desembolsar cerca de R$ 900 milhões. Esse seria o preço de não dar partida ao cronômetro da perda da concessão da CEEE-D. O horizonte pode encurtar. Mas qualquer decisão sobre o futuro da estatal gaúcha fora da crise das finanças públicas não sairá antes de 2019.