Mais do que o valor do investimento, já embutido no anúncio dos novos passos da General Motors no Brasil, o desenho da implantação de uma nova linha em Gravataí vai assinalar mudança na atual estrutura da indústria automotiva no Estado. No pacote negociado com o governo gaúcho, o projeto Gen tem mais do que R$ 1,5 bilhão previstos pela montadora para a unidade gaúcha desde julho de 2015, quando a empresa dobrou a aposta no país.
Além do carro, que vem embarcado na promessa de alta tecnologia aplicada, com muita capacidade de conexão à rede, a nova etapa da GM em Gravataí terá um grande diferencial: não vai funcionar no atual esquema de sistemistas dedicados – fornecedores exclusivos, que atuam no mesmo local em que a montadora está instalada. No "pacote" do projeto Gen, estão ao menos outras cinco grandes empresas, que poderão aportar mais 20% do valor total do investimento da GM, em uma projeção conservadora – o total roçaria os
R$ 2 bilhões. Duas dessas companhias são chinesas.
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Nesse novo desenho, vão atuar com liberdade para fornecer para outros clientes. Essa foi uma espécie de “pedra de toque” da negociação. Em vez de desenvolver um projeto específico para uma empresa – a GM já teve um programa de incentivo para chamar de seu, o Fomentar –, o projeto aprovado na semana passada na Assembleia prevê condições iguais para todas as empresas do mesmo setor.Sem essa cláusula, dizem interlocutores das partes envolvidas na negociação – que ainda dependeria de acertos finais –, o risco seria perder esses projetos para outros Estados.
Com a decisão, o Fomentar, criado em meados da década de 1990 sob forte polêmica, desaparece. A GM antecipou praticamente todos os pagamentos devidos relativos ao diferimento (extensão de prazo) do ICMS gerado pela primeira produção de veículos de passeio no Estado. Não há expectativa de geração de um grande volume de empregos, até porque a planta atual é muito automatizada – e será ainda mais moderna. Oficialmente, nem o Piratini nem
a General Motors comentam o projeto Gen.