A desconfiança ainda é a marca do mercado financeiro, com o dólar subindo um pouquinho, para R$ 3,34 e começando a testar a famigerada fronteira da pressão inflacionária. Na avaliação de analistas de câmbio, esse risco se acentua na passagem da barreira de R$ 3,40.
Nesta quinta-feira (22) em que o dólar subiu, a bolsa fez o mesmo, o que não é muito comum. O que animou os negócios foi a confirmação de que a Cemig, de Minas Gerais, vai vender sua controlada Light.
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A estatal mineira tem 26% do capital da empresa que distribui energia na região metropolitana do Rio de Janeiro. Como detém a maior fatia do capital, exerce controle acionário. O governador de Minas é Fernando Pimentel, do PT. E vai privatizar. Certamente, não porque quer. Porque precisa. Em reação, os papéis da Cemig subiram 7,54%, e os da Light decolaram 28,7%.
A leitura dos investidores é de que a Cemig vai arrecadar recursos para reduzir seu pesado endividamento, enquanto a Light pode ganhar gestão mais eficiente.
Os gaúchos serão convocados – se não houver outra mudança de intenção –, a decidir se CEEE, Sulgás e CRM devem passar por privatização ou federalização. Convém prestar atenção no que está ocorrendo com outras estatais de energia. A Cesp deve seguir esse caminho em setembro, mesmo depois de não ter conseguido antecipar a renovação de algumas de suas usinas hidrelétricas, o que tende a reduzir o valor de mercado.
No passado, o Rio Grande do Sul errou ao tentar se antecipar à privatização que se espalhou pelo Brasil, especialmente dos braços de distribuição de energia. Na pressa, a modelagem favoreceu a compra, mas puniu a parte que seguiu estatal. Provocou um passivo que pesa até agora.
O setor elétrico de todo o país está afundado em passivos. Os da CEEE-D, a distribuidora do Estado, está entre os mais difíceis de resolver. O risco, hoje, não é de pressa, é de atraso. Como dois erros não fazem um acerto, não será possível fazer média da velocidade. Convém prestar atenção ao que se passa lá fora.