Não se espera nada parecido com o "day after" das primeiras notícias sobre a delação premiada da JBS no mercado financeiro. Na entrevista de Joesley Batista que incendiou o fim de semana, há muitos adjetivos pesados e poucos fatos novos.
– Mesmo sem grande novidade, reforça a pressão sobre Temer – avalia André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
No Brasil, avalia Perfeito, o estrago do agravamento da crise política já está feito: as reformas estão praticamente inviabilizadas, ao menos da forma como foram concebidas, e o custo maior foi com a alta no juro futuro, que recuou em velocidade menor do que havia subido depois de 17 de maio. Como até essa piora é considerada "desinflacionária" – a tende a retardar a atividade econômica e, assim, a alta de preços, a inflação seguirá baixa o suficiente para o Banco Central levar o juro básico a um dígito.
Lá fora, é outro problema. O governo propaga que o capital externo será decisivo para a retomada. Em 29 de maio, durante fórum para investidores estrangeiros, foi autorizado o interrogatório do presidente da República. Agora, ele parte em viagem ao Exterior precedido por nova onda de escândalo.
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Outra vez, convém imaginar a cena: empresário convidado a um evento pede atualização sobre o Brasil. Descobre que, só no último fim de semana, Temer foi apontado como "chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil" e respondeu ao acusador, a quem recebeu à noite, no palácio residencial, de "bandido notório de maior sucesso na história".
Para os russos, talvez soe familiar. Não deve ter sido acaso que os países mais conhecidos por casos de corrupção tenham se sucedido na organização de Copas do Mundo e Olimpíadas. Na Noruega, será outro clima. Por lá, sucessão de denúncias significa turbulência.